quinta-feira, 17 de junho de 2010

Argentina - Coreia do Sul (4-1)

102166976, AFP/Getty Images /AFP

Vou então começar a comentar os jogos do Mundial.
A Argentina apresentou-se neste jogo com uma defesa clássica de 4 jogadores. Um meio-campo de 4 homens em losango sendo que Di Maria descaía para a lateral à semelhança do que faz no Benfica e Maxi Rodriguez fechava mais no meio. Na frente Tevez e Higuain sempre com o apoio de Messi vindo de trás.
A Coreia do Sul também jogou com uma defesa de 4 homens, jogando depois com dois médios defensivos lado a lado e muito próximos e uma linha de 3 homens mais à frente no apoio ao ponta-de-lança.
Apesar da Argentina jogar com menos homens, dominava claramente o meio campo, esticando o jogo, enquanto a Coreia tentava manter um jogo compacto com todos os jogadores muito próximos.
Os lances de maior perigo eram de bola parada, os asiáticos cometiam demasiadas faltas e não conseguiam suster o poderio argentino. Assim surgiram os primeiros dois golos.
A Coreia parecia dominada, mas no fim da primeira parte num dos poucos lances de contra-ataque acabou por marcar.
Esperava-se uma atitude mais ofensiva da Coreia na segunda parte, mas não se assistiu a nenhuma alteração táctica. Só mesmo no final Kihun, que jogava antes a médio esquerdo encostou ao ponta de lança passando os coreanos a jogar num 4-4-2 clássico. Mas já era tarde demais porque a Argentina manteve sempre o domínio e acabou por marcar mais dois golos. A única alteração táctica da Argentina foi a entrada de Bolatti para o lugar de Higuain passando a jogar nos minutos finais num sistema igual à Coreia do Norte, com Messi e Aguero na frente.

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domingo, 11 de abril de 2010

Rio Ave - Porto (0-1)


Jogo assistido ao vivo no Estádio do Rio Ave F. C. com a cortesia de Reis do Ave

Após algum tempo de ausência, estamos de novo de regresso aos relvados. Em breve, haverá novidades e uma alteração de formato.

Equipas iniciais

Perspectiva do Rio Ave

O Rio Ave voltou ao sistema habitual mas com duas alterações relativamente à equipa mais utilizada. Carlos na baliza. A defesa composta por Zé Gomes (direita), Gaspar (central), Jeferson (central no lugar de Fábio Faria) e Sílvio. Dois médios mais defensivos: Vilas Boas na esquerda e Wires na direita. Adriano como médio mais adiantado, no lugar ocupado geralmente por Vítor Gomes e três avançados, Bruno Gama na direita, Nélson Oliveira no meio e Sidnei na esquerda.
A estratégia inicial da equipa vilacondense passava por, em termos ofensivos, surpreender com a criatividade de Adriano a conduzir o ataque (já que Wires e Vilas Boas tinham funções quase exclusivamente defensivas) apostar na mobilidade de Nélson Oliveira e na profundidade de Sidnei e Bruno Gama. Os laterais não tinham muita tendência para subir e ajudar o ataque.
Em termos defensivos, observava-se uma equipa à imagem de Brito. Pressão muito alta e uma grande proximidade entre os sectores (pouco mais de 25 metros entre o jogador mais avançado e o mais recuado). Os extremos e cobriam sempre os laterais adversários (não deixando o Porto canalizar o jogo pelos flancos) e Nélson Oliveira (ou mesmo Adriano) caía nos centrais quando estes tinham a bola. O meio-campo defendia na maioria dos casos à zona. Vilas Boas fechava mais na esquerda e no centro, ora caindo no raio de acção de Tomás Costa ora em Rúben Micael mas nunca nas subidas dos laterais. Wires surgia na zona de construção de Raúl Meireles ou de Rúben Micael. Adriano fechava não só nos centrais (na primeira fase da construção) como nos médios interiores do Porto, já que era sabido que Fernando raramente subia. Na defesa a marcação também era feita à zona. Os laterais quase não subiam para conter as ofensivas de Hulk (sobretudo Sílvio) e os centrais desdobravam-se entre Falcao e Rúben Micael (quando este encostava um pouco mais à frente).

Perspectiva do Porto

O Porto apresentou-se com o sistema que passou a utilizar desde que a última vaga de lesões lhe levou quase todos os extremos. Hélton na baliza, defesa com Miguel Lopes na direita, Bruno Alves e Rolando no centro da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando como médio mais recuado, Tomás Costa no lugar habitualmente ocupado por Guarín (direita do meio-campo), Raúl Meireles como interior direito e Rúben Micael na extremidade mais ofensiva do meio-campo. Na frente surgia Falcao, mais fixo no centro e Hulk, que arrancava da direita para o meio.
Em termos ofensivos o Porto, desde que usa este sistema de quatro médios, funciona de uma forma algo assimétrica. Do lado direito, Miguel Lopes procurava servir Hulk através de passes verticais ou combinações com Tomás Costa. Já Álvaro Pereira do lado esquerdo deveria procurar mais a linha de fundo e cruzamentos para a área, contando com o apoio de Raúl Meireles. Curiosamente (não sei se de propósito ou como resultado da postura do Rio Ave), os dois médios interiores raramente caíam nas laterais. Tomás Costa apenas tabelava com Miguel Lopes, conduzindo sempre o jogo pelo meio e Raúl Meireles, embora caísse mais no flanco que o seu colega do lado direito, fazia-o com uma frequência muito reduzida quando se compara com outros jogos. Micael era o elemento mais livre do meio campo, mas raramente saía da zona central, Hulk, como referi antes, partia sempre da direita procurando usar o seu forte remate em incursões na diagonal.
Em termos defensivos, o Porto fechava as possíveis subidas dos laterais com os médios interiores, Fernando marcava quase homem-a-homem Adriano e Rúben Micael fechava sempre que necessário as subidas de Wires ou Vilas-Boas. Na defesa, o habitual 4 para 3.

1ª Parte

O Rio Ave entrou claramente por cima. A sua pressão a campo inteiro surpreendeu o Porto, e a equipa vilacondense aproveitava os muitos erros no passe para criar lances de perigo. O Porto não conseguia sair com a bola controlava mas também evitava os lançamentos longos, pelo que o Rio Ave conseguia recuperar a bola bem longe da sua área.
Sidnei teve logo duas oportunidades clamorosas para marcar golo. Primeiro com um cabeceamento ao poste depois de um grande cruzamento com o pé esquerdo de Bruno Gama e depois aproveitando uma grave falha de Álvaro Pereira acabando por perder no cara-a-cara com Hélton.
Lentamente o Porto foi melhorando a transição para o ataque, deixando de perder bolas cá atrás, mas o Rio Ave estava irrepreensível defensivamente. Miguel Lopes e Álvaro Pereira pouco subiam e eram inconsequentes, tal o trabalho efectuado pelos extremos vilacondenses.
O Rio Ave era sobretudo perigoso no contra-ataque e quando recuperava bolas muito à frente. O seu jogo construído desde trás perdia-se no meio-campo. Adriano era claramente o elemento com essa função, mas não era suficientemente perigoso, mais por estar muito desacompanhado do que por inépcia própria.
Ao Porto faltava quem recuasse a vir buscar jogo. Rúben Micael pouco se via, Hulk estava a ser bem marcado por Sílvio, Tomás Costa não tinha criatividade para criar, limitando-se a transportar bola e a passar curto e Meireles parecia limitado fisicamente.
Após as oportunidades de Sidnei, até ao fim da primeira parte apenas se regista como oportunidade um remate perigoso de Hulk, curiosamente da esquerda.

2ª Parte

A segunda parte começou da mesma forma como a primeira acabou. O Rio Ave continuava a defender bem e a atacar mal e o Porto sem necessitar de defender e sem saber atacar. As jogadas mais perigosas do Rio Ave surgiam quando Adriano conseguia ultrapassar Fernando e soltar a bola para Bruno Gama cruzar para a área. Exemplo disso é um cabeceamento ao lado de Nélson Oliveira aos 60 minutos. Em termos físicos o jogo parecia muito exigente para o Rio Ave, mas a equipa não dava mostras de fraqueza e pontualmente (sem nunca estar perto de massacrar) também criava alguns lances de perigo.
A primeira substituição de Jesualdo era mais que óbvia. Saía Tomás Costa, num jogo medíocre e entrava Farías. Este iria fazer companhia a Falcao no eixo do ataque, passando Hulk para o lado esquerdo. Farías deveria fechar à direita, mas como os laterais do Rio Ave (neste caso Sílvio) pouco subiam, o argentino acabava por ser um verdadeiro ponta-de-lança.
Pouco depois Hulk cria nova jogada de perigo, mas o lado esquerdo não lhe permitia rematar com eficácia habitual. Talvez tenha sido esta a melhor fase do Porto, que acabou por marcar por intermédio de Farías após um canto marcado por Hulk. O Porto colocava nestes cantos 4 jogadores muito fortes no jogo aéreo (Rolando, Bruno ALves, Falcao e Farías), e este foi o maior trunfo de todo o jogo.
Seguiu-se uma série de substituições. Jesualdo tira Rúben Micael, muito apagado, e coloca Belluschi no seu lugar. Brito começa por colocar Vítor Gomes no lugar de Wires para dar uma maior criatividade ao meio campo e permitir que este jogador se colocasse pontualmente ao lado de Adriano, invertendo o triângulo do meio-campo. Depois trocou pontas-de-lança (Oliveira por Fogaça) e, por fim, Jeferson por Fábio Faria devido a problemas físicos do primeiro (não motivando nenhuma alteração táctica). Para uma equipa que queria ganhar, a única alteração de pendor ofensivo foi a entrada de Vítor Gomes, o que é bastante limitado. Apesar do Rio Ave estar a jogar bem em termos defensivos, com boa pressão, já não recuperava bolas na frente do ataque há muito tempo, e o Porto parecia controlar as investidas dos avançados vilacondenses.
O jogo voltou à toada anterior ao golo. Hulk na esquerda eclipsou-se, como tantas outras vezes, o Rio Ave continuava a pressionar bem e a manter a equipa compacta, mas não conseguia criar muito perigo à frente e quando criava alguma jogada mais perigosa, os seus avançados tinham claras dificuldade de concretização. De qualquer forma, o Rio Ave teve mais oportunidades mas controlou menos o jogo.

Conclusão
O Rio Ave pressiona bem, ganha bolas na frente mas tem graves problemas de concretização. Além disso, tem dificuldades no processo de criação, falta alguém a fazer o papel que tinha Ricardo Nascimento ainda há poucos anos. Foi fácil de perceber que estando a perder, a equipa vilacondense teria poucas hipóteses de dar a volta.
O Porto fez um jogo sofrível, sem capacidade de criar muitos lances de perigo e sem usar as laterais como faixas de transporte de bola. Acabou por usar a qualidade dos seus jogadores num lance de bola parada e depois controlou o jogo ofensivo do Rio Ave com mais facilidade.
Acabou por ser um jogo com muita luta, com equipas coesas em termos defensivos (sobretudo o Rio Ave) mas pouco criativas e com dificuldades a chegar ao último terço do terreno.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Porto - Braga (5-1)










Equipas iniciais

Perspectiva do Porto

O Porto apresentou-se com o habitual sistema, mas com pequenas alterações relativamente ao jogo anterior. Mariano Gonzalez substituiu o castigado Hulk, mas em vez de jogar na esquerda como o fez em muitos jogos passou para a direita, desviando Varela para o lado contrário. Para além disso, Rúben Micael apareceu nas esquerda do meio-campo e Raúl Meireles na direita.
O Porto jogou então com Hélton na baliza. Fucile a lateral direito, Rolando e Bruno Alves no centro da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando era o médio mais recuado, à sua frente Meireles e Rúben Micael e no ataque Mariano, Falcao e Varela.
Em termos ofensivos a deslocação de Varela para a esquerda foi no sentido de aproveitar um ponto fraco da defesa do Braga: Filipe Oliveira. Por outro lado, além dos já mais que referidos movimentos dos médios interiores para as laterais (mais Meireles que Micael), notavam-se movimentos verticais de fora para dentro da área. Conhecendo a pressão alta do Braga não havia muita margem para a construção pausada de trás para a frente, pelo que a transição era feita preferencialmente pelas laterais, sobretudo pela esquerda com trocas de bola entre Álvaro Pereira e Varela.
Em termos defensivos, a colocação de Mariano à direita servia não só para Varela explorar Filipe Oliveira mas também para segurar Evaldo, que seria assim impedido de fazer as suas habituais incursões perigosas pela esquerda. Mais atrás, e como o Braga gosta de jogar com cinco homens em bloco dentro da área, a marcação era tipicamente à zona, recuando sempre um dos médios interiores de modo a obter-se superioridade numérica defnsiva.

Perspectiva do Braga
O Braga apresentou-se com um sistema diferente do habitual, tentando obter superioridade numérica no meio-campo. Eduardo na baliza, Filipe Oliveira a lateral direito, Paulão e Moisés como defesas centrais e Evaldo a lateral esquerdo. O meio-campo apesar de ter mais um homem, caracterizava-se por não ter posições muito fixas. Olberdam era o elemento mais recuado, o único que não avançava no terreno até à área do Porto. Hugo Viana era, dos restantes aquele que tinha maior pendor defensivo. Alan era um misto de médio direito e de extremo direito. Luís Aguiar jogava mais pela esquerda e Mossoró pelo centro, tanto surgindo no papel de número dez como no de ponta-de-lança. Paulo César era claramente o elemento mais adiantado, embora não fosse um ponta-de-lança puro.
Em termos ofensivos, o Braga procurava colocar sempre cinco homens na área (Alan, Paulo César, Mossoró, Luís Aguiar e Hugo Viana), podendo a bola ser transportada por qualquer um, à excepção de Paulo César. Ao contrário do habitual, os laterais, nomeadamente Evaldo raramente subiam, pelo que a transição ofensiva estava mesmo limitada aos cinco jogadores referidos. Paulo César, como referi, não era um ponta-de-lança, mas sim um elemento móvel sem preocupações defensivas. Quando surgia no meio, era frequente entrar do lado esquerdo Luís Aguiar, embora também surgisse de vez em quando Mossoró ou mesmo Hugo Viana. Quando se deslocava para a esquerda surgia no meio Mossoró. Estas subidas de cinco homens deixavam muitas vezes bastante espaço livre entre o sector defensivo e o ofensivo (linha de cinco homens na área e os quatro defesas no meio campo) que Olberdam era incapaz de fechar, ficando muitas vezes pouco à frente dos centrais.
Em termos defensivos, havia a preocupação de colocar quatro elementos a pressionar junto à área adversária bem junto dos quatro defesas do Porto. Alan em Álvaro Pereira, Mossoró e Paulo César nos centrais e Luís Aguiar em Fucile. Mais atrás, Hugo Viana encostava em Meireles e Olberdam em Rúben Micael. O objectivo era limitar as linhas de passe do Porto forçando a equipa a lançamentos longos por parte dos defesas ou a ter que transportar a bola com Fernando, um elemento claramente fraco no capítulo da construção de jogo.

1ª Parte
O jogo começou numa toada bastante rápida com preponderância do Porto.  Uma vez mais, o lado esquerdo foi o principal impulsionador. Domingos colocou Alan desse lado pois embora seja um jogador que não defende propriamente bem, atemoriza os laterais por ser muito rápido e perigoso quando ganha a frente dos adversários. No entanto, Álvaro Pereira pouco se importou e subiu na mesma, passando facilmente Alan e mesmo sem precisar de um grande apoio de Rúben Micael conseguia, juntamente com Varela pôr a cabeça de um Filipe Oliveira muito fraco em água (Era o mesmo jogador que jogou com o Sporting e fez esquecer João Pereira?).
O Braga apostava na colocação dos tais cinco homens na área do Porto. Era perigoso nessas alturas mas o espaço que se abria entre defesa e ataque beneficiava as transições rápidas do Porto, que voltaram a funcionar bem. Quanto à superioridade numérica no meio-campo devido à alteração táctica de Domingos, pouco ou nada se notava.
O primeiro golo do Porto surgiu do aproveitamento do espaço no meio-campo. Meireles teve espaço para um passe vertical para Rúben Micael, este colocou rapidamente em Varela que com todo o espaço dado pelo hesitante Filipe Oliveira colocou no meio onde entrou muito depressa Raúl Meireles, num movimento pouco típico até agora no Porto (fazendo lembrar os de Lucho).




O Braga partiu-se por completo com o golo. Alan não conseguia controlar Álvaro Pereira. Olberdam estranhava o seu movimento, ora sozinho no eixo ora a descair para a direita para marcar Rúben Micael e Luís Aguiar também não conseguia desdobrar-se em extremo. A excepção maior no Braga era Mossoró, que conseguia interpretar bem o seu papel de falso ponta-de-lança. Do lado do Porto, e apesar do bom entendimento nos contra-ataques, Raúl Meireles e Rúben Micael tinham algumas dificuldades em jogadas construídas desde trás. Talvez para que se sentissem mais à vontade em campo, aos 30 minutos em ponto trocaram de posição, Meireles para a esquerda e Micael para a direita. A partir daí houve uma ligeira subida de rendimento de ambos.
Uma das características da equipa do Braga é a sua coesão. Mesmo quando avança com cinco homens e deixa um espaço grande no meio campo, qualquer um dos seus jogadores tem pelo menos dois ou três à sua volta num raio de meia dúzia de metros. O mesmo acontece nas bolas paradas, tanto atrás como à frente e se na maior parte dos casos essa coesão é positiva, em alguns casos pode ser negativa. E no que restava de um canto a bola acabou por sobrar para Álvaro Pereira (que recua nos cantos, tal como Fucile) que teve tempo para preparar um grande remate que resultou num grande golo.



A partir daí, e se o Braga já estava em baixo, ainda ficou mais. Hugo Viana acabou engolido pelo jogo, a pressão alta deixou de funcionar e até Fernando, no Porto, começou a transportar jogo, sendo o elo que faltava para que o Braga começasse a ser goleado. Não foi Fernando a iniciar mas foi a enésima jogada pela esquerda e a enésima vez que Varela ganhou as costas de Filipe Oliveira numa jogada com Álvaro Pereira. Depois foi Falcao a aparecer como ele sabe para marcar o terceiro e fechar o jogo aos 35 minutos.




2ª Parte
Domingos decidiu substituir Hugo Viana e colocar Meyong, aproximando-se mais do seu sistema habitual. No entanto, aquela capacidade de pressing em sucessivos triângulos bem característica do Braga deste ano não apareceu. Não havia força nem capacidade física para um sistema tão exigente. Por outro lado, Meireles e Rúben Micael ficavam com mais espaço e a distância entre defesa e ataque do Braga mantinha-se.
O Porto passava assim a ter muitas situações em que chegava à área em superioridade numérica de 5 contra 4, criando sempre perigo e reequilibrando-se rapidamente quando perdia a bola (aqui entra a garra dos dois médios interiores do Porto).
Dado o jogo bastante mau de Olberdam, Domingos substituiu-o por Rafael Bastos, dando maior capacidade construtiva desde trás ao mesmo tempo que libertava os laterais para subirem. No entanto, estes subiam muitas vezes sem consciência, os dois ao mesmo tempo, deixando a defesa desguarnecida. Numa dessas vezes Mariano podia ter marcado, mas sem surpresas falhou isolado.
Jesualdo foi refrescando a equipa tirando Rúben Micael e metendo Tomás Costa. Entretanto, num canto, Falcao marcava mais um golo num jogo que ia perdendo a história. Domingos ainda tirou um Mosssoró cansado para colocar Mateus a entrar como segundo ponta-de-lança mas pouco alterou. O jogo estava decidido e ainda foi marcado um golo para cada lado. Já pouco interessava. A goleada estava feita.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Porto - Arsenal (2-1)

agência /AFP

Equipas iniciais

Perspectiva do Porto
O Porto apresentou-se com o seu esquema habitual, embora com pequenas alterações (entradas de Hulk e Raúl Meireles para os lugares de Mariano e Belluschi). Hélton esteve na baliza. Defesa constituída por Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira. Meio-campo com Fernado mais recuado, Ruben Micael na direita e Raúl Meireles na esquerda. À frente Varela e Hulk junto às laterais (trocando constantemente de posições) e Falcao no eixo.
Em relação à postura táctica, em primeiro lugar é necessário referir o total encaixe teórico no sistema do Arsenal. Enquanto o Porto tinha um triângulo no meio-campo com o vértice recuado (Fernando), o vértice do Arsenal (Fabregas) era o mais adiantado. Deste modo, Meireles e Rúben Micael estavam encostados a Diaby e Denilson e Fernando a Fabregas.
Em termos ofensivos, o jogo caracterizava-se por menor mobilidade lateral dos médios mais ofensivos (não descaíam tantas vezes para o apoio aos extremos e à subida dos laterais). Por outro lado, Varela e Hulk trocavam mais vezes de posição do que o costume e Álvaro Pereira mantinha a sua propensão ofensiva. Em termos defensivos, o objectivo seria encaixar ao máximo o meio-campo. Com Fernando a marcar Fabregas e Meireles e Rúben Micael a impedirem subidas de Denilson e, sobretudo, Diaby.

Perspectiva do Arsenal
O Arsena  apresentou-se com a já referida estrutura: Fabiansky na baliza, defesa com Sagna, Campbell, Vermaelen e Clichy. Meio-campo com Denilson e Diaby mais recuados e Fabregas solto à frente destes. Nasri a extremo esquerdo, Rosicky a extremo direitoe Brendtner a ponta-de-lança.
As principais opções ofensivas passavam por uma influência muito grande de Fabregas. Este movimentava-se bastante, sobretudo encostando ao lado de Brendtner como segundo ponta-de-lança, mas também deslocava-se para as laterais, ou recuava para vir buscar jogo mais atrás. Por outro lado Diaby era o segundo médio mais ofensivo, trocando de posição com Fabregas nos pontapés de baliza de modo a ganhar bolas de cabeça em zonas ofensivas. Notavam-se também algumas trocas de posição Brandtner-Rosicky e Brendtner-Nasri, mas estas eram mais raras. Os laterais pouco subiam.
Em termos defensivos, Wenger apostou numa pressão alta, com 4 homens junto aos defesas do Porto de modo a terem dificuldades a iniciar jogadas de ataque. Denilson e Diaby tentavam controlar Meireles e Rúben e na defesa 4 homens para os três avançados do Porto. Não havia, por isso uma preocupação com subidas de Fernando, por exemplo.

1ª Parte
Embora o encaixe táctico pudesse supor um início de jogo demasiado perdido a meio campo, acabou por suceder o contrário. Tanto o Arsenal como o Porto (sobretudo), entraram com vontade de marcar e chegavam facilmente à baliza contrária. Isto deveu-se, sobretudo, às subidas dos médios defensivos do Arsenal (Diaby, maioritariamente) que se por um lado, não eram acompanhadas com descidas de Meireles e Micael, por outro permitiam que os dois médios do Porto tivessem também liberdade paraconstruir. Também se notou algum nervosismo na defesa do Arsenal, daí que o Porto criasse mais situações de perigo. Foi numa demonstração de insegurança de um jogador (Fabiansky) que o Porto passou para a frente ainda nos primeiros minutos.
Após o golo, o Arsenal veio para a frente, utilizando não só as subidas de Diaby como Fabregas, que começou a pegar no jogo mais frequentemente. Nessa altura o meio-campo do Porto começou a desmembrar. Rúben Micael e Meireles não se entendiam convenientemente (quanto tempo treinaram juntos? uma semana?) e Fernando falhava em todos os timings (Vou agora ao Fabregas ou não? Vou cortar a bola ao Diaby ou fico com o Fabregas?). Além disso, o Arsenal era perigosíssimo em lances de bola parada (todos bem estudados), e foi num canto que empataram.
A seguir ao golo, o Porto voltou a acelerar um pouco, mas o Arsenal mantinha-se com vocação ofensiva. O jogo estava assim porque se por um lado, Fernando era incapaz de se encontrar e Rúben e Meireles não cumpriam as suas funções defensivas, por outro Denilson e Diaby também não travavam muito bem os dois médios do Porto. Há ainda que contar com Fabregas, que parecia estar em todo o campo: Ora a ponta-de-lança, ora ao lado de Denilson, ora na quina da área a cruzar bolas. Tudo num jogo altamente desgastante.
A primeira parte acabou com um 1-1 mas podia estar qualquer equipa a ganhar.

2ª Parte
A segunda parte começou com um Arsenal cada vez mais dependente de Fabregas. Diaby já não subia tanto e era o catalão a vir pegar no jogo atrás. Os contra-ataques do Porto aparentavam ser lentos, mas foi num deles que Campbell atrasou a bola para Fabiansky e este assistiu para Ruben Micael marcar um golo a meias com Falcao.
A partir daí o Arsenal quebrou porque Fabregas foi diminuindo a sua influência na equipa (talvez por não aguentar um ritmo tão forte o jogo todo). Wenger tentou suprir esta desaceleração com a entrada do rapidíssimo Walcott para o lugar de Rosicky e Jesualdo respondeu logo a seguir colocando um médio de maio contenção (Tomás Costa) no lugar de Meireles. Certo é que Walcott apenas conseguiu suster melhor as avançadas de Pereira, porque em termos ofensivos não trouxe muito mais ao Arsenal. Tomás Costa serviu para controlar melhor Fabregas, que recuava cada vez mais para recuperar a bola e lançar em profundidade.
Mais tarde sai Hulk, desgastado e entra Mariano. No Arsenal nova troca por troca, Brendtner por Vela. Apesar de jogarem na mesma posição Vela era muito mais móvel, e já que Brandtner não ganhava a Bruno Alves e Rolando pelo corpo, podia ser que Vela ganhasse pela velocidade, mas também não. Por fim, Wenger substituiu o último dos avançados, colocando Eboué no lugar de Nasri, mas pouco ou nada alterou. No Porto, a substituição de Rúben Micael por Belluschi deveu-se unicamente ao cansaço do primeiro.

Conclusão
Um jogo com duas fases distintas. Na primeira, até aos 2-1, ambas as equipas a querem marcar e onde o meio-campo de ambas servia muito mais para atacar do que para defender. Após o segundo golo do Porto o Arsenal esvaiu-se muito devido à baixa de produção de Fabregas. A partir daí o Arsenal atacou mais mas o Porto dominou mais, e o 2-1 acabou por se arrastar. Apenas foi o fim da primeira parte da eliminatória. Vamos ver o que acontece em Londres (Onde estarei como enviado especial).

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Porto - Naval (3-0)

FC Porto vs Naval (ESTELA SILVA/LUSA) 
Equipas Iniciais:

Perspectiva do Porto


Jesualdo apresentou um esquema muito semelhante ao da terça-feira anterior, exceptuando três trocas sem alterações tácticas (Hélton no lugar de Beto, Bruno Alves no lugar de Maicon e Tomás Costa no lugar do castigado Fernando). Deste modo, a baliza estava entregue a Hélton. A defesa com Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira. Tomás Costa como médio mais recuado, Ruben Micael a médio interior esquerdo e Belluschi a médio interior direito. Mais à frente, Varela, Falcao e Mariano.
Em termos defensivos, foi difícil descortinar as opções do Porto, já que em nenhum momento a Naval aproximou-se da baliza no início da partida. Apenas o habitual encostar dos médios interiores nos jogadores da mesma posição da Naval e os 5 jogadores defensivos para o único avançado do adversário. Sim, porque os extremos da Naval eram mais segundos defesas laterais que outra coisa.
Em termos ofensivos destaca-se, uma vez mais, a bela dupla Rúben-Belluschi. O primeiro acelera o jogo através da verticalidade e da qualidade do passe e o segundo através da sua própria velocidade de transporte de bola e de desmarcação. Destaca-se também a subida dos laterais, sobretudo Álvaro Pereira (em excelente forma) que  permitia criar situações de superioridade numérica nas linhas com o apoio dos médios. Por fim, existia ainda a possibilidade de trocar de extremos, com Mariano a poder transitar para a direita e Varela para a esquerda.

Perspectiva da Naval:
Em termos teóricos (muito teóricos, mesmo), o sistema de Inácio era o mesmo do de Jesualdo. Peiser na baliza. Uma linha de 4 defesas com Carlitos, Gomis, Diego Ângelo e Daniel Cruz. Três médios com Bruno Lazroni mais recuado e Godeméche e Alex Hauw mais avançados. E três avançados teóricos, Davide, Bolívia e Camora.
Em termos ofensivos era um deserto. Bolívia muito desapoiado e a condução de jogo quase que se resumia ao lateral direito Carlitos em situações pontuais. De resto, a ordem era para defender e não para contra-atacar.
Em termos defensivos pode-se dizer que a Naval atracou o Ferry Boat à baliza. Bruno Lazaroni jogava muitas vezes como terceiro central, e mesmo quando isso não acontecia formava uma segunda linha defensiva com Davide, Godeméche, Alex Hauw e Camora. Os dois extremos teóricos, defendiam junto aos laterais para apoiá-los nas previsíveis subidas dos laterais do Porto ou em deambulações dos médios interiores para as laterais. E, para cúmulo da atitude defensiva, nem o ponta-de-lança ficava encostado aos centrais portistas. Este era o marcador directo de Tomás Costa, de modo a que este não apanhasse segundas bolas.

1ª Parte
A descrição das atitudes das equipas sintetiza o que se passou na primeira meia hora. Naval não rima com atacar e o Porto, apesar disso mantinha-se com os quatro defesas (em engenharia chama-se sobredimensionamento a esta opção). De qualquer modo, a defesa muito baixa da Naval (11 jogadores num terço do terreno) permitia que Rúben Micael e Belluschi andassem sempre próximos da área e usassem a sua qualidade para criar perigo, aproveitando também a velocidade de elementos como Álvaro Pereira e Varela. Este último começou na direita, mas passou logo nos primeiros minutos para a esquerda, onde se tornou bastante mais perigoso. 
 Álvaro Pereira, na sua forma e capacidade de estar em situações ofensivas acabou por sofrer a falta que originou o primeiro golo, marcado por Tomás Costa num livre indirecto. Apesar do golo e até ao intervalo os dois sistemas mantiveram-se inalterados.

2ª Parte
Após o intervalo, a Naval surgiu finalmente com ideias de contra-atacar. Fábio Júnior, o novo ponta-de-lança (entrou para o lugar de Davide, obrigando Bolívia a descair mais pela direita) não era o marcador directo de Tomás Costa e pôde jogar encostado aos centrais. Os extremos finalmente chegaram ao meio campo (sobretudo Bolívia, numa posição entre o extremo e o segundo ponta-de-lança) e o meio campo passou a estender-se mais pelo terreno de jogo (embora muito retraído em comparação com o do Porto).
Apesar da maioria das oportunidades pertencerem ao Porto, a Naval tornou-se mais perigosa, tendo mesmo criado uma oportunidade num livre lateral. Jesualdo respondeu a este perigo trocando Belluschi por Guarín, de modo a conter mais o jogo (e fazer descansar o argentino, fisicamente mais debilitado). Inácio respondeu colocando logo a seguir Giuliano no lugar de Alex Hauw, ou seja, dando velocidade ao meio campo do lado do elemento mais lento, Guarín. Mais tarde troca Bolívia por Simplício (ainda mais velocidade) e é este jogador, a extremo direito que causa o maior calafrio à defesa do Porto.
Apesar de uma Naval de cara lavada o Porto mantinha-se mais ofensivo e num livre próximo da área, com duplo toque de cabeça (jogada estudada), Falcao marca e resolve o jogo.
Depois do segundo golo, duas substituições no Porto para descansar Fucile e Rúben Micael e o domínio total do jogo. O terceiro golo, por Varela, foi o resultado de dez minutos em que a Naval baixou os braços e encostou-se de novo às cordas.

Conclusão
A forma como a Naval entrou em campo, funcionaria com um Porto nervoso (como no jogo com o Paços de Ferreira). Falhando muitas oportunidades (que seriam criadas inevitavelmente) poderiam surgir fantasmas e assobios e o Porto entraria desse modo em decréscimo de produção. Só que agora a realidade é outra, sobretudo desde que Rúben Micael entrou e essa aposta não surtiu efeito.
Inácio, disse no fim, que a equipa deveria jogar sempre como na segunda parte. Eu acho que se não jogou assim na primeira foi por sua culpa e não dos jogadores. Poderiam levar na mesma 3 ou até mais, mas também teriam mais oportunidades para fazer uma surpresa. A opção caiu no Ferry Boat encostado junto à baliza e o resultado foi o que se viu.
O Porto cumpriu, sem muito brilhantismo mas com o total controlo do jogo. Os níveis de confiança estão em alta desde a chegada de Rúben que contagiou Belluschi, Álvaro Pereira, Falcao e Varela. Resta saber o que acontecerá quando Meireles regressar...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Porto - Sporting (5-2)

Jogo assistido no Estádio do Dragão


FC Porto vs Sporting (ESTELA SILVA/LUSA) 
Equipas 
Equipas iniciais:


Perspectiva do Porto
O Porto jogou num sistema muito semelhante ao que utilizara com o Nacional. Desta vez Beto na baliza, Fucile a lateral direito, Rolando e Maicon no eixo da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando como médio defensivo, Belluschi a médio direito, Ruben a médio esquerdo, Mariano a extremo esquerdo, Varela a extremo direito e Falcao a ponta-de-lança.
Para além do que já foi referido acerca do jogo do Porto, destaco, no dia de hoje, em termos ofensivos: ofensivo:
  • Apostar ainda mais na subida dos laterais, tentando aproveitar dificuldades do Sporting a fechar nas alas;
  • Belluschi mais móvel e a jogar com maior velocidade, caindo muitas vezes na lateral;
  • Ruben Micael sem tanta tendência para descair para a lateral, mas usando a sua capacidade de passe longo e fazendo um jogo mais vertical;
  • Varela com mais liberdade para atacar.
As especificidades do jogo defensivo resumem-se em:
  • Mariano a fechar mais ao meio de modo a cobrir o médio direito do Sporting e passando, nessas ocasiões Ruben Micael a defender no centro;
  • Defesa à zona em todo o terreno, e com o sector mais recuado a impedir que as bolas chegassem ao avançados do Sporting;
  • Usar Mariano para fechar muitas vezes no meio campo, cobria não só as subidas de João Pereira como os médios interiores Sportinguistas.
Perspectiva do Sporting
 Carvalhal apresentou um sistema ainda vindo do tempo de Paulo Bento, provavelmente porque é isso que o plantel lhe dá. Rui Patrício na baliza, a defesa contituída por João Pereira na direita, Tonel e Carriço no centro e Grimi na esquerda. Um meio campo em losango com Adrien mais recuado, Miguel Veloso na direita, Izmailov na esquerda e Moutinho no centro e, mais à frente, Liedson e Carriço.
O seu jogo ofensivo caracterizava-se por:
  •  Dar liberdade a Moutinho para criar, ao ser o vértice mais adiantado do losango;
  • Utilizar a superioridade numérica no meio campo para desviar Fernando das zonas centrais e aproveitar espaço no meio;
  • Fazer subir os laterais, sobretudo João Pereira.
Em termos defensivos destacava-se por:
  • Marcação à zona no meio campo ficando Adrien para as dobras;
  • Fechar as subidas dos laterais ou pelos avançados ou pelos médios interiores, sendo que no ultimo caso, Moutinho ou Adrien (consoante a zona do terreno) encostavam a Belluschi ou a Rúben Micael;
  • Colar laterais nos extremos portistas.
Início do jogo
O Porto entrou claramente mais forte. Por um lado, uma vez mais, Veloso do lado direito e Izmailov do lado esquerdo não conseguiam transportar, por outro, os laterais portistas, sobretudo Álvaro Pereira em grande forma, criavam imensos desequilíbrios. Os médios interiores tinham muitas dificuldades em fechar os laterais portistas (já que Saleiro e Liedson pouco ajudavam) e Adrien não conseguia ter pernas para compensar a marcação e colar em Rúben ou Belluschi. Os dois médios do Porto foram preponderantes para  o bom início de jogo. Belluschi, que finalmente acordou, usava a velocidade e a lateralidade para ganhar a frente dos seus marcadores directos (tal como os jogadores do Braga no último fim-de-semana). Rúben Micael com passes magistrais oferecia espaços a quase toda a gente (Álvaro Pereira, Varela e Falcao). Sem uma marcação eficaz (Adrien esteve bastante mal) e sem velocidade no meio campo, a superioridade numérica nesta zona ao terreno não servia para nada.
O primeiro golo, apesar de sair de um canto, acabou por surgir de forma natural. O Porto já tinha criado oportunidades suficientes para marcar. Logo aí deu-se a primeira alteração táctica de Carvalhal. Miguel Veloso passou para a esquerda e Izmailov para a direita, o que estabeleceu um maior equilíbrio no meio campo.
A primeira e única vez que o Sporting usou a superioridade numérica para criar perigo resultou num golo. No entanto, o Sporting foi incapaz de criar novas situações de superioridade numérica no último terço do terreno, os laterais não subiam (Grimi tinha medo de Varela e João Pereira era fechado por Mariano) e a ajuda do capitão do Porto para fechar no meio campo empurraram os dragões para a frente. O golo do Sporting foi apenas uma excepção, porque o Porto continuava a dominar e a explorar a incapacidade de Adrien se tornar um pêndulo no meio campo e a lentidão do meio-campo sportinguista. Izmailov não é propriamente rápido e Veloso é muito pesado para uma posição ofensiva no meio-campo. Com Belluschi e Rúben a pôr o jogo a 200 km/h nada funcionava no sector médio leonino.
O segundo golo do Porto foi uma demonstração da superioridade ao nível do meio-campo e não apenas uma genialidade de Falcao ou um frango de Patrício. Falcao soube ganhar bem o espaço mas também o Porto foi capaz de colocar 5 homens junto à área que condicionaram a saída à bola dos jogadores do Sporting.
Carvalhal demorou 40 minutos a perceber o erro que era ter Adrien dentro daquele jogo. Substituindo-o, recuou Veloso para médio defensivo, Moutinho passou para a esquerda do meio-campo e Matías Fernandez passou para médio ofensivo. O meio-campo deveria começar a entender-se melhor, mas não. A lentidão e falta de garra mantiveram-se.
Do lado do Porto, o faro do golo inexistente noutros dias, neste jogo abundava. Rúben Micael uma vez mais explorando a sua verticalidade fez um passe sem olhar e de pé esquerdo (parece que passa tão bem a bola com um pé como com o outro) colocou a cabeça em Falcao, que uma vez mais não falhou. Falcao é neste momento o melhor ponta-de-lança em Portugal e nestas não falha (sim, melhor que Cardozo).
A partir daí foi o baixar dos braços sportinguista.

2ª Parte
Carvalhal trocou Saleiro por Pongolle mas este entrou ao nível de... Caicedo. A equipa já estava a regressar a casa e sem qualquer velocidade ou intenção de evitar a goleada foram surgindo os golos portistas. Varela com uma grande recepção ainda brincou com Grimi antes de marcar e até Mariano finalizou. Não um grande golo como aparenta na televisão mas um grande frango conforme se viu no estádio. A bola foi direitinha ao meio da baliza onde estava Rui Patrício.
Daí para a frente o Porto decidiu desacelerar. Era uma terça e domingo à jogo. O Sporting voltou a atacar porque o Porto deixou. Já estava decidido e entre 5 e 6 vai dar ao mesmo. As substituições do Porto e mesmo a troca de Izmailov por Pereirinha foram apenas trocas de jogadores nas mesmas posições. Tudo já estava decidido e até o golo de Liedson foi festejado pelos adeptos do Porto gozando com o grito da claque sportinguista.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Braga - Sporting

Sp. Braga venceu Sporting 

Equipas Iniciais

Perspectiva do Braga

Domingos montou uma equipa com 4 defesas, Filipe Oliveira na direita, Rodríguez e Moisés no eixo e Evaldo na esquerda. Vandinho era o médio mais recuado , estando à sua frente Hugo Viana e Mossoró. Alan e Paulo César arrancavam pdo meio campo para o ataque. O primeiro sobretudo pela direita e o segundo pela esquerda. Na frente de ataque estava Meyong.
Tanto em termos ofensivos como defensivos, o jogo do Braga foi muito refinado. Comecemos a análise pelas jogadas de ataque:
  • Um lateral a subir de cada vez, sem desequilibrar a defesa e sendo quase sempre perigoso nas combinações com médios e avançados (de salientar que Filipe Oliveira já fez esquecer João Pereira);
  • A colocação sempre de vários jogadores na linha da frente formando triângulos próximos do portador da bola, havendo assim sempre várias linhas de passe;
  • Alternar o jogo curto referido acima com passes longos: a estratégia passava por encostar muitos jogadores a uma lateral chamando também jogadores do Sporting e com a qualidade de Hugo Viana abrir o jogo para o lado contrário onde subia o lateral;
  • A colocação de 5 ou 6 jogadores na área (nunca mais e nunca menos), criando superioridades numéricas em áreas muito avançadas do terreno;
  • O aproveitamento da capacidade técnica de Mossoró, Alan e Paulo César para ganhar as costas dos seus marcadores directos criando jogadas de perigo ou amarelando os adversários.
Em termos defensivos a estratégia do Braga passava por:
  • Pressão alta com todos os jogadores da frente (Alan, Meyong, Paulo César, Hugo Viana e Mossoró), defendento em triângulos sucessivos (dois à frente e um atrás) sem marcações individuais;
  • Descidas constantes de Paulo César e Alan apoiando os laterais;
  • Vandinho mantinha constantemente uma posição central, encostando muitas vezes à defesa dobrando os centrais;
Perspectiva do Sporting

Carvalhal apostou num modelo ainda bastante próximo do que vinha de Paulo Bento. Defesa de quatro homens, João Pereira, Tonel, Carriço e Grimi, Adrien como médio mais recuado, Veloso desta vez na meia direita, Izmailov na meia esquerda, João Moutinho no apoio aos homens de ataque e Liedson e Saleiro na frente.
A táctica de Carvalhal não era tão exigente para com os jogadores como a de Domingos, de qualquer forma, ofensivamente as suas ideias passariam por:
  • Apostar na subida de laterais rápidos;
  • Permitir o aparecimento de Moutinho em zonas de remate ou de último passe, bem como no apoio às laterais;
  • Miguel Veloso e Izmailov com menos propensão para lateralizar, mas mais hipóteses para rematar de longe (daí a sua colocação no lado contrário aos seus pés preferidos;
  • Apostar nas bolas paradas com cruzamentos longos para a área, procurando aproveitar a dificuldade de Eduardo nos cruzamentos.
Em termos defensivos tenho algumas dificuldades em analisar as ideias principais. Os quatro defesas deveriam cair em Paulo César, Alan e Meyong,  Miguel Veloso e Izmailov que deveriam acompanhar Hugo Viana e Mossoró  e para fechar as subidas dos laterais deveria ser Moutinho ou um dos avançados.

Início do jogo
O jogo começou bem disputado, mas com o Braga a dominar.A forma como fazia uma defesa alta e com vários jogadores permitiu que a bola só chegasse aos médio do Sporting em muito más condições, obrigando João Moutinho e os avançados a recuar muito no terreno e a vir buscar jogo. O Sporting só era perigoso em lançamentos longos para a área ou em remates também de longe, já que o meio campo era totalmente dominado pwlo Braga. Por outro lado, Miguel Veloso e Izmailov pareciam estar a passar ao lado do jogo já que, conduzindo a bola pelo lado de dentro, tornavam-se presas fáceis para os médios do Braga.
Do outro lado, o número de homens do Braga que chegavam à área era sempre desequilibrador, Adrien não conseguia ser produtivo em termos defensivos e as jogadas de maior perigo eram em bolas conduzidas pelos laterais  que se aproximavam de uma área que tinha muitas vezes mais homens do Braga do que do Sporting. Além disso, a recuperação de bola em zonas avançadas do campo associadas a transições rápidas permitiam que Mossoró transportasse a bola facilmente até junto da área, situação esta que rendeu vários cartões aos jogadores do Sporting.
O golo acabou por surgir numa dessas jogadas em que o Braga ocupava toda a área do Sporting. Paulo César ganhou facilmente na lateral, passou João Pereira e como a defesa estava hesitante entre cair na bola ou marcar os avançados, este rematou de pronto e, ainda contando com um desvio, marcou o único golo.
Após o golo e até ao fim da primeira parte, o joo manteve-se da mesma forma. Sporting apenas perigoso em bolas bombeadas e o Braga a defender bem com as linhas avançadas.

2ª Parte
A segunda parte parecia iniciar-se da mesma forma, restando saber até quando o Braga iria aguentar uma postura defensiva tão exigente em termos físicos. De facto, ao longo do tempo as forças foram diminuindo, cada vez se recuava mais e o sistema foi ficando mais fíxo e menos exigente.
Apercebendo-se da dificuldade dos médios do Sporting, Carvalhal optou por tirar Izmailov e colocar Yannick a extremo esquerdo. Moutinho recuou para o lado de Miguel Veloso e  Saleiro encostou um pouco à esquerda (não como um extremo mas como um avançado que entra ao segundo poste).
Logo a seguir Domingor retirou Meyong o mais fixo e menos perigoso avançado para colocar Mateus. Ao mesmo tempo colocou Luís Aguiar no lugar do Paulo César. Mateus, bastante mais rápido que Meyong, teria maiores preocupações defensivas procurando, juntamente com Alan, reavivar a pressão alta que já se encontrava em decadência. Luís Aguiar vinha com funções parecidas mas em posição mais recuada. Procurar ter mais homens no meio campo (já que Vandinho funcionava  claramente como um quinto defesa) e usar a sua técnica para conduzir o jogo. Apenas o primeiro objectivo foi conseguido. Hugo Viana recuou um pouco, Mossoró também e e Luís Aguiar fechava bem as subidas dos laterais sportinguistas, sobretudo João Pereira.
A entrada de Matías Fernandez foi com o objectivo de dar mais critividade ao meio campo, recuando Miguel Veloso para o meio campo defensivo e saindo Adrien num jogo em que esteve muito fraco. Logo a seguir entrava Sinama para o lugar de Saleiro alargando a linha de ataque mas deixando Liedson mais sozinho. Curiosamente nenhuma destas alterações deu resultados imediatos, apesar do Braga estar a sofrer os efeitos físicos de um hora a altíssima intensidade (que obrigou Domingos mais tarde a tirar Mossoró, colocando Rentería mais à frente e obrigando Alan a recuar um pouco).
Apesar do Braga não atacar há muito, não houve a coragem de tirar um defesa e dar mais um homem ao meio campo, já que com Vandinho recuado o Sporting podia aproveitar para se superiorizar naquela zona do terreno. Os lances de perigo continuaram a ser de bola parada à excepção de uns minutos de desconto de desespero Sportinguista.

Conclusão
Foi um resultado que premiou, por um lado, ao audácia bacarense na primeira hora e a sua capacidade de sofrimento no final. Será muito difícil ultrapassar um sistema como o que o Braga utilizou na primeira hora. A questão é que eles não aguentam assim todo o jogo, podendo estar aí a fraqueza desta equipa (além das bolas bombeadas para a área). No entanto, o Sporting não soube explorar isso, e os jogadores do Braga estiveram irrepreensíveis em termos posicionais. De realçar novamente Filipe Oliveira. Se compararmos a sua exibição com a do seu antecessor, ficamos com a ideia que o Braga fez um excelente negócio. Defende melhor, ataca (não tão bem, é certo) e é muito menos espalhafatoso.