domingo, 17 de janeiro de 2010

Porto - Paços de Ferreira (1-1)

Jogo seguido ao vivo no Estádio do Dragão











Equipas iniciais:


Perspectiva do Porto:
Jesualdo Ferreira apostou no seu sistema habitual. Helton na baliza. Fucile a lateral direito, Bruno Alves e Rolando no centro da defesa e Álvaro Pereira a lateral esquerdo. No meio campo, Tomás Costa mais recuado e Raul Meireles do lado esquerdo e Belluschi do lado direito a formar uma linha mais avançada. Na frente, Varela e Rodriguez como extremos (que alternavam os flancos embora Varela caísse mais na direita e Rodriguez na esquerda) e Falcao a ponta-de-lança.

Ofensivamente os movimentos mais comuns na primeira parte podem-se resumir nos seguintes pontos:
  • A subida dos laterais (alternadamente na maioria dos casos) com combinações com o médio volante ou com o extremo;
  • A amplitude de movimentos dos médios volantes - tanto Meireles como Belluschi caíam muitas vezes nas alas e tentavam alargar o jogo;
  • Bolas longas geralmente dos centrais para os flancos.
Em termos defensivos, devido à pouca capacidade do Paços em contra-atacar, as preocupações não deviam ser muitas:
  • Os extremos fechavam a subidas dos laterais, se é que eles queriam subir;
  • Belluschi e Meireles encostavam nos dois volantes do Paços (Pedrinha e Leonel Olímpio, respectivamente)
  • Os quatro defesas e Tomás Costa ficavam responsáveis pelos três avançados do Paços (Uma superioridade numérica no sector recuado de 5 para 3, neste caso.
Perspectiva do Paços de Ferreira


A disposição dos jogadores era em tudo semelhante à do Porto, as principais diferenças estavam na atitude e nos processos de jogo. Na baliza Cássio, como habitual, e a defesa era constituída por 4 elementos. Danielson adaptado a lateral esquerdo, Ricardo e Ozeia no centro da defesa e Baiano a lateral direito. No meio campo, Filipe Anunciação mais recuado e à sua frente Pedrinha e Leonel Olímpio (esquerda e direita, respectivamente). No ataque, Manuel José à direita, Maykon à esquerda e William no centro.

Em termos ofensivos as movimentações pacenses caracterizavam-se por:
  • Um meio campo muito compacto, com os três jogadores sempre muito próximos uns dos outros;
  • Laterais nada ofensivos, sobretudo Danielson, um central adaptado;
  • Condução de bola apenas por parte dos extremos;
  • Pedrinha e Leonel Olímpio a tentar lançar bolas em profundidade.
As principais atitudes defensivas eram as seguintes:
  • Apostar na segurança dos laterais apesar da lentidão de Danielson;
  • Meio campo igualmente compacto deslocando-se sempre para em bloco para onde a bola estava;
  • Extremos apoiavam a defesa quando os laterais do Porto subiam ou quando Meireles e Belluschi descaíam para a lateral.

Decorrer da 1ª Parte

Tendo em conta a forma como as equipas entraram, será escusado dizer que o Porto começou mais forte. No entanto não causava muitos lances de perigo junto à baliza de Cássio. As jogadas mais perigosas surgiam sobretudo quando Meireles e Belluschi tentavam entrar pelas laterais e com cruzamentos para a área.
Apesar da aparente lentidão da equipa adversária o Porto não apostou em rápidas trocas de bola de uma faixa lateral para a outra, de modo a aproveitar o facto dos três médios do Paços jogarem sempre muito juntos. Não se criaram desequilíbrios e mesmo em termos individuais os pacenses ganhavam sempre no um para um. Danielson conseguiu secar Varela facilmente e Baiano, apesar de ter mais dificuldades em parar Rodriguez acabou por nunca comprometer.
As maiores oportunidades foram uma cabeçada de Falcao junto ao poste e um golo anulado igualmente ao ponta-de-lança do Porto. Uma vez mais, em cruzamentos e em alturas em que Meireles descaía para a lateral esquerda.
Os contra-ataques do Paços foram quase nulos. Meireles e Belluschi fecharam bem Pedrinha e Leonel. Curiosamente, o argentino em termos defensivos esteve ao nível de Meireles, tendo, no entanto, sido menos consequente em termos ofensivos. Os maiores desequilíbrios foram provocados por Maykon, enquanto William surgiu sempre muito sozinho e com dificuldades no meio dos defesas portistas. O ataque era de 3 para 5 e mesmo quando os laterais do Porto subiam subiam ficava Tomás Costa a ajudar a defesa.
Este número exagerado de jogadores sem pendor atacante do Porto é, para mim, um dos principais erros tácticos. Para quê ter 5 jogadores defensivos quando na outra equipa só 3 atacam? Até porque quando os laterais do Porto subiam, os extremos do Paços desciam e em lugar do 3 para 5, passavam a estar 2 para 4. Por outro lado, Tomás Costa, tal como Fernando e Paulo Assunção não tinha qualquer papel ofensivo, tirando um ou outro remate de longe. O papel de um médio defensivo de Jesualdo Ferreira é um papel semelhante ao de um defesa central. A única diferença está no posicionamento, que é um pouco mais à frente.

Segunda parte
Não houve nenhuma alteração táctica ao intervalo. O Paços estava a cumprir os seus objectivos (levar um pontinho) e a jogar como queria e podia, tentando reduzir o número de oportunidades do Porto ao máximo.  Como o Porto criou duas oportunidades de perigo na primeira parte, Jesualdo acreditou que esperando mais um pouco o golo acabaria por surgir.
Não só não surgiu como os jogadores do Paços de Ferreira foram acreditando cada vez mais. Menos oportunidades na baliza do Paços e Maykon começava a criar algumas dores de cabeça a Fucile.

1ª Substituição no Porto (Sai Tomás Costa entra Farías) 60'
Se o Porto cada vez se tornava menos incisivo, com esta substituição as coisas pioraram ainda mais. Jesualdo Ferreira passou a jogar numa táctica semelhante ao Atlético de Madrid. Dois médios lado a lado, dois pontas-de-lança e dois extremos. Meireles e Belluschi deixaram automaticamente de se encostar às laterais já que passaram a ter maiores preocupações defensivas e os maiores desequilíbrios que o Porto criava deixaram de existir. Por outro lado, Ulisses Morais decidiu arriscar um pouco jogando em igualdade numérica na defesa (embora com algum apoio de Filipe Anunciação) e mantendo Pedrinha e Leonel colados a Belluschi e Meireles. O jogo ficou totalmente encaixado e deixaram de existir jogadas de perigo. 

1ª Substituição no Paços (Sai Manuel José entra Pizzi) 66'
Troca por troca. Manuel José não foi muito consistente em termos ofensivos mas fechou bem as subidas de Álvaro Pereira. Pizzi entrou no seu lugar e deu mais força ao ataque, muito embora Álvaro Pereira subisse mais.
A única jogada de perigo entre os 60 e os 75, foi uma vez mais um centro para a área, com Falcao a falhar com a baliza aberta.

2ª Substituição no Porto (Sai Fucile e entra Guarín) 75'
Ao fazer esta substituição Jesualdo assumiu o erro da primeira. No entanto,  com esta nova mudança deixaram de existir posições certas. Passou a andar tudo em arames. Rolando era algo entre o defesa central e o defesa direito, Belluschi era meio médio, meio lateral direito, Guarín ocupava a posição de Meireles e este recuava, perdendo definitivamente toda a influência que tivera nas acções ofensivas da equipa. Na minha opinião seria muito mais correcto tirar Rolando do que Fucile, assumindo Bruno Alves o centro da defesa. Deste modo mantinha-se o desenho no meio campo. Aliás, se a primeira substituição fosse Rolando por Farías o Porto não tinha desperdiçado 15 minutos de jogo.  Tendo em conta que o lado direito da defesa do Porto perdeu identidade Maykon tornou-se cada vez mais perigoso e conseguia aproveitar  a deficiente coordenação entre Belluschi e Rolando.

3ª Substituição no Porto (Sai Belluschi e entra Mariano González) 80'
Curiosamente a 3ª substituição num minuto certo (60, 75 e 80). Será que já vinham estudadas de casa? Mariano veio para dar mais consistência defensiva ao lado direito e mais pulmão no transporte de bola (algo que se perdeu com a saída de Fucile. No entanto, pouco tempo depois...


Golo do Paços (Maykon) 82'
Ao longo de todo este período de indefinição táctica do Porto, o Paço foi mantendo coerência, e os três do meio campo mantinham-se compactos. Numa jogada em que o Porto tentava avançar pela esquerda, lá se encostaram os médios à faixa lateral, tendo inclusive William recuado para compensar uma possível mudança de flanco. Deste modo, Bruno Alves acabou por também encostar à direita, descompensando toda a faixa central. Pedrinha num grande passe coloca a bola nas costas da defesa em Pizzi ficando só ele e Maykon à frente de Rolando e Helton. Uma boa assistência para Maykon encostar o pé. O futebol pode ser tão simples.
Mas o Paços acabou por complicar. O golo foi como um toque de retirada. Encostou tudo na área e todo o equilíbrio perdeu-se. O equilíbrio e a concentração, como demonstra a forma como saíram de um livre para o fora-de-jogo, deixando quase toda a equipa do Porto sozinha.

Golo do Porto (Falcao) 85'
Na sequência do mesmo livre, e com os jogadores em desespero e já sem qualquer táctica, mais uma vez a bola nas faixas laterais, Varela cruza e Falcao marca. O Paços acabou traído pela forma como reagiu ao golo. O Porto acabou por só arriscar tudo quando estava a perder. A inércia criada por estes dois golos seguidos repercutiu-se nos poucos minutos que faltavam para o final. O Paços manteve-se encostado às cordas e o Porto continuou a pressionar por todos os lados. E em pouco mais de 5 minutos existiram tantas oportunidades na baliza de Cássio como no resto do jogo.

Expulsão de Ozeia e 2ª substituição no Paços (Sai William entra Fábio Pacheco) 90'
Com um central expulso e a necessidade de defender o empate a solução era simples para Ulisses Morais. Sai ponta-de-lança entra um novo central. A pressão continua e os golos falhados também. Falcao pode ser acusado de ser perdulário, mas o que é certo é que se retirarmos os penalties já marcou mais golos que Cardozo este campeonato. O problema não foi o ponta-de-lança, mas a demora em assumir o risco.

3ª substituição no Paços (Sai Maykon e entra Jason) 93'
Não foi uma substituição para os aplausos mas para os assobios do adversário (que devem ter soado como aplausos nos ouvidos de Maykon. Igualmente uma forma de queimar tempo.

Fim do jogo e conclusão
O Paços saiu com o seu objectivo. Não foi propriamente uma vitória táctica de Ulisses Morais, mas este teve o mérito de assumir um estilo do início ao golo. O autocarro só estacionou na baliza após esse momento e por causa disso até poderiam ter perdido. Talvez tenha sido uma reacção natural dos jogadores, mas se mantivessem  o mesmo estilo de jogo poderiam ter levado os três pontos.
O Porto perdeu mais 2 pontos que podem ser decisivos para a conquista do título. Uma vez mais entrou com a tracção muito atrás e à espera que os golos surgissem com naturalidade. Não surgiram e o conjunto de substituições ainda piorou a luta pela vitória. Se o Paços não tivesse marcado,  o jogo provavelmente teria ficado 0-0, já que só a partir daí a equipa arriscou tudo.

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