sábado, 30 de janeiro de 2010

Braga - Sporting

Sp. Braga venceu Sporting 

Equipas Iniciais

Perspectiva do Braga

Domingos montou uma equipa com 4 defesas, Filipe Oliveira na direita, Rodríguez e Moisés no eixo e Evaldo na esquerda. Vandinho era o médio mais recuado , estando à sua frente Hugo Viana e Mossoró. Alan e Paulo César arrancavam pdo meio campo para o ataque. O primeiro sobretudo pela direita e o segundo pela esquerda. Na frente de ataque estava Meyong.
Tanto em termos ofensivos como defensivos, o jogo do Braga foi muito refinado. Comecemos a análise pelas jogadas de ataque:
  • Um lateral a subir de cada vez, sem desequilibrar a defesa e sendo quase sempre perigoso nas combinações com médios e avançados (de salientar que Filipe Oliveira já fez esquecer João Pereira);
  • A colocação sempre de vários jogadores na linha da frente formando triângulos próximos do portador da bola, havendo assim sempre várias linhas de passe;
  • Alternar o jogo curto referido acima com passes longos: a estratégia passava por encostar muitos jogadores a uma lateral chamando também jogadores do Sporting e com a qualidade de Hugo Viana abrir o jogo para o lado contrário onde subia o lateral;
  • A colocação de 5 ou 6 jogadores na área (nunca mais e nunca menos), criando superioridades numéricas em áreas muito avançadas do terreno;
  • O aproveitamento da capacidade técnica de Mossoró, Alan e Paulo César para ganhar as costas dos seus marcadores directos criando jogadas de perigo ou amarelando os adversários.
Em termos defensivos a estratégia do Braga passava por:
  • Pressão alta com todos os jogadores da frente (Alan, Meyong, Paulo César, Hugo Viana e Mossoró), defendento em triângulos sucessivos (dois à frente e um atrás) sem marcações individuais;
  • Descidas constantes de Paulo César e Alan apoiando os laterais;
  • Vandinho mantinha constantemente uma posição central, encostando muitas vezes à defesa dobrando os centrais;
Perspectiva do Sporting

Carvalhal apostou num modelo ainda bastante próximo do que vinha de Paulo Bento. Defesa de quatro homens, João Pereira, Tonel, Carriço e Grimi, Adrien como médio mais recuado, Veloso desta vez na meia direita, Izmailov na meia esquerda, João Moutinho no apoio aos homens de ataque e Liedson e Saleiro na frente.
A táctica de Carvalhal não era tão exigente para com os jogadores como a de Domingos, de qualquer forma, ofensivamente as suas ideias passariam por:
  • Apostar na subida de laterais rápidos;
  • Permitir o aparecimento de Moutinho em zonas de remate ou de último passe, bem como no apoio às laterais;
  • Miguel Veloso e Izmailov com menos propensão para lateralizar, mas mais hipóteses para rematar de longe (daí a sua colocação no lado contrário aos seus pés preferidos;
  • Apostar nas bolas paradas com cruzamentos longos para a área, procurando aproveitar a dificuldade de Eduardo nos cruzamentos.
Em termos defensivos tenho algumas dificuldades em analisar as ideias principais. Os quatro defesas deveriam cair em Paulo César, Alan e Meyong,  Miguel Veloso e Izmailov que deveriam acompanhar Hugo Viana e Mossoró  e para fechar as subidas dos laterais deveria ser Moutinho ou um dos avançados.

Início do jogo
O jogo começou bem disputado, mas com o Braga a dominar.A forma como fazia uma defesa alta e com vários jogadores permitiu que a bola só chegasse aos médio do Sporting em muito más condições, obrigando João Moutinho e os avançados a recuar muito no terreno e a vir buscar jogo. O Sporting só era perigoso em lançamentos longos para a área ou em remates também de longe, já que o meio campo era totalmente dominado pwlo Braga. Por outro lado, Miguel Veloso e Izmailov pareciam estar a passar ao lado do jogo já que, conduzindo a bola pelo lado de dentro, tornavam-se presas fáceis para os médios do Braga.
Do outro lado, o número de homens do Braga que chegavam à área era sempre desequilibrador, Adrien não conseguia ser produtivo em termos defensivos e as jogadas de maior perigo eram em bolas conduzidas pelos laterais  que se aproximavam de uma área que tinha muitas vezes mais homens do Braga do que do Sporting. Além disso, a recuperação de bola em zonas avançadas do campo associadas a transições rápidas permitiam que Mossoró transportasse a bola facilmente até junto da área, situação esta que rendeu vários cartões aos jogadores do Sporting.
O golo acabou por surgir numa dessas jogadas em que o Braga ocupava toda a área do Sporting. Paulo César ganhou facilmente na lateral, passou João Pereira e como a defesa estava hesitante entre cair na bola ou marcar os avançados, este rematou de pronto e, ainda contando com um desvio, marcou o único golo.
Após o golo e até ao fim da primeira parte, o joo manteve-se da mesma forma. Sporting apenas perigoso em bolas bombeadas e o Braga a defender bem com as linhas avançadas.

2ª Parte
A segunda parte parecia iniciar-se da mesma forma, restando saber até quando o Braga iria aguentar uma postura defensiva tão exigente em termos físicos. De facto, ao longo do tempo as forças foram diminuindo, cada vez se recuava mais e o sistema foi ficando mais fíxo e menos exigente.
Apercebendo-se da dificuldade dos médios do Sporting, Carvalhal optou por tirar Izmailov e colocar Yannick a extremo esquerdo. Moutinho recuou para o lado de Miguel Veloso e  Saleiro encostou um pouco à esquerda (não como um extremo mas como um avançado que entra ao segundo poste).
Logo a seguir Domingor retirou Meyong o mais fixo e menos perigoso avançado para colocar Mateus. Ao mesmo tempo colocou Luís Aguiar no lugar do Paulo César. Mateus, bastante mais rápido que Meyong, teria maiores preocupações defensivas procurando, juntamente com Alan, reavivar a pressão alta que já se encontrava em decadência. Luís Aguiar vinha com funções parecidas mas em posição mais recuada. Procurar ter mais homens no meio campo (já que Vandinho funcionava  claramente como um quinto defesa) e usar a sua técnica para conduzir o jogo. Apenas o primeiro objectivo foi conseguido. Hugo Viana recuou um pouco, Mossoró também e e Luís Aguiar fechava bem as subidas dos laterais sportinguistas, sobretudo João Pereira.
A entrada de Matías Fernandez foi com o objectivo de dar mais critividade ao meio campo, recuando Miguel Veloso para o meio campo defensivo e saindo Adrien num jogo em que esteve muito fraco. Logo a seguir entrava Sinama para o lugar de Saleiro alargando a linha de ataque mas deixando Liedson mais sozinho. Curiosamente nenhuma destas alterações deu resultados imediatos, apesar do Braga estar a sofrer os efeitos físicos de um hora a altíssima intensidade (que obrigou Domingos mais tarde a tirar Mossoró, colocando Rentería mais à frente e obrigando Alan a recuar um pouco).
Apesar do Braga não atacar há muito, não houve a coragem de tirar um defesa e dar mais um homem ao meio campo, já que com Vandinho recuado o Sporting podia aproveitar para se superiorizar naquela zona do terreno. Os lances de perigo continuaram a ser de bola parada à excepção de uns minutos de desconto de desespero Sportinguista.

Conclusão
Foi um resultado que premiou, por um lado, ao audácia bacarense na primeira hora e a sua capacidade de sofrimento no final. Será muito difícil ultrapassar um sistema como o que o Braga utilizou na primeira hora. A questão é que eles não aguentam assim todo o jogo, podendo estar aí a fraqueza desta equipa (além das bolas bombeadas para a área). No entanto, o Sporting não soube explorar isso, e os jogadores do Braga estiveram irrepreensíveis em termos posicionais. De realçar novamente Filipe Oliveira. Se compararmos a sua exibição com a do seu antecessor, ficamos com a ideia que o Braga fez um excelente negócio. Defende melhor, ataca (não tão bem, é certo) e é muito menos espalhafatoso.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Estoril - Porto (0-2)

Estoril vs FC Porto (ANTONIO COTRIM/LUSA)

Com uns dias de atraso aqui vai a crónica deste jogo.

Equipas iniciais:
Perspectiva do Estoril
O Estoril apostou numa defesa com quatro elementos (Marco Silva, Jardel, Luiz Alberto, Ismaily), um meio campo com três elementos, dois mais recuados e um mais avançado (Erick, Varela e João Coimbra) e três avançados, Lulinha e Raphael nas laterias, alternando entre si e Rodrigo Hothe no centro.
A estratégia passava por um total encaixe no sistema previsto para a Porto: 2 médios defensivos do Estoril nos dois médios adiantados do Porto. Em termos ofensivos a arma era Lulinha, tinha que ser ele a resolver já que qualidade só existia no extremo brasileiro.

Perspectiva do Porto
Tenho evitado falar em 4-3-3, 4-4-2 e 3-4-3. Os sistemas podem ser demasiado dinâmicos para uma classificação rígida desse género. O Porto do jogo com o Estoril dá-me razão.
À primeira vista seria o sistema normal do Porto. Defesa com Miguel Lopes, Rolando, Maicon e Nuno André Coelho. Meio campo com Tomás Costa mais recuado e depois Belluschi e Rúben Micael, e na frente Mariano, Orlando Sá e Guarín. Mas não era bem assim. Miguel Lopes não jogava propriamente a lateral, avançava muito e a defesa reorganizava-se com três jogadores, descaindo Rolando para a direita. Por outro lado, era suposto Guarín descair mais para o meio, permitindo que Miguel Lopes chegasse muitas vezes à linha de fundo. Na verdade, este esquema do Porto não pode ser tipificado.

1ª Parte
Apesar da mudança táctica no Porto, o Estoril manteve-se fiel ao seu esquema táctico e na primeira arte as coisas funcionaram bem. O Porto tinha a posse de bola mas não era perigoso e Lulinha trocava muitas vezes os olhos a Nuno André Coelho, que sendo central não consegui acompanhar em velocidade o extremo brasileiro.
No extremo oposto do campo a velocidade também era oposta. Guarín até tem bom toque de bola e remata com força, mas velocidade não é propriamente a sua característica principal. É mais um Lipcsei ou um Kazmierckzak e não um Alenitchev ou um Jaime Magalhães.
Com um jogador laramente desadaptado e sem saber quando deveria encostar aos médio e quando deveria encostar à linha, o ataque do Porto apesar de ser canalizado pela direita onde existia mais um jogador, passava a ser inconsequente quando chegava a Guarín.
Talvez se este fosse encostado à esquerda poderia descair para o meio e rematar. No entanto, dada a sua velocidade reduzida e de não ter nenhum lateral por trás, Jesualdo preferiu encostá-lo à direita. E com alguns avanços e recuos a primeira parter chegou ao fim sem grandes motivos de interesse.


2ª Parte Substituições no Porto (sai Nuno André Coelho e Guarín e entram Falcao e Álvaro Pereira)
As duas substituições provam que Jesualdo desistiu do sistema híbrido testado na primeira parte. Álvaro Pereira passou a jogar a lateral clássico e Miguel Lopes também recuou do lado direito, Tomás Costa manteve-se como médio mais recuado e Mariano, Rúben e Belluschi passaram a formar uma linha mais ofensica no apoio aos dois pontas-de-lança. Foi esta superioridade numérica no meio campo que contra-balançou o jogo, ficando o Porto mais perigoso e tendo o Estoril mais dificuldades. O golo de Belluschi acabou por ser a conclusão natural de algo expectável.

O professor neca começou com uma substituição de ponta-de-lança por ponta-de-lança não conseguindo alterar quase nada no seu jogo e Lulinha foi baixando a sua intervenção no jogo à medida que se desgastava. Ainda tentou dar um toque mais ofensivo ao meio campo com a entrade de Bruno Matias, mas Orlando Sá acabou por marcar um belo golo e garantir o primeiro lugar no grupo. Por fim, entra Sérgio Oliveira para o lugar de Ruben Micael, passando a jogar quase a extremo direito e reduzindo meio campo para três elementos mais que suficientes para dominar o jogo

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Belenenses - Porto (1-1)



Não pude ver grande parte do jogo (só o comecei a ver já na segunda parte), daí que apenas lance alguns tópicos para discussão:

  • Encontrei tanto o Porto como o Belenenses a jogar em 4-3-3 semelhantes com um jogador mais recuado e dois médios mais ofensivos.
  • Beto, tal como Helton com a U. Leiria, depois de um frango passou a ser um herói
  • A troca de Valeri por Farías resultou num erro semelhante ao jogo com o Paços de Ferreira - Os dois médios passaram a jogar lado a lado e acabou-se a construção do jogo
  • O Belenenses em lugar de manter o seu sistema como o Paços encostou o seu médio defensivo aos laterais (mais medo, portanto) mas acabou por marcar numa jogada individual
  • Jesualdo, uma vez mais, tentou corrigir o erro com a entrada de Guarín, mas, uma vez mais com a raiva da reacção ao golo o Porto marcou (e não por mérito de alterações tácticas)
  • Guarín passou a jogar ao lado de Meireles e Tomás Costa passou a lateral direito, voltando tudo à estaca anterior (pior que a estaca zero)
  • O Porto voltou a deixar de ser perigoso, sendo excepções as arrancadas de Rodríguez e Álvaro Pereira, que fizeram um grande jogo
  • Com a expulsão de Rodríguez Jesualdo quis equilibrar o jogo tirando Falcao e colocando Varela do lado esquerdo e Mariano do lado direito
  • Faria mais sentido colocar Bellusci no meio campo e retirar Varela, por exemplo
  • O Belenenses mesmo em superioridade numérica abdicou do ataque em todo o prolongamento
  • Até quando este medo todo do Porto contra equipas de nível muito inferior
  • Quando é que a TVI despede estes jornalistas? ex: "Só se marcaram 2 penalties em 5, uma taxa de concretização de 20% portanto, muito baixa mesmo". Isto dá direito a justa causa.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Marítimo - Benfica (0-5)

 
Equipas iniciais


Perspectiva do Marítimo

Mitchell Van der Gaag optou por uma defesa de quatro elementos com Paulo Jorge a lateral direito, Robson e Fernando a centrais e Alonso a lateral esquerdo. No meio campo colocou uma linha de dois homens mais recuados (Roberto Sousa e Olberdam) ficando João Luiz mais à frente no apoio aos três avançados: Pitbull e Manu nas alas e Baba no eixo.
Em termos ofensivos quis apostar sobretudo na força e velocidade de Pitbull e na técnica de Manu. Estes deveriam vir buscar o jogo atrás e tentar causar desequilíbrios na defesa do Benfica através de desvios para o centro. Por outro lado, os dois médios defensivos davam alguma segurança para a subida dos laterais, bastante rápidos e a liberdade de criação de jogadas a João Luiz.
Quanto à postura defensiva, confesso que tenho algumas dúvidas acerca dos objectivos de Van der Gaag. Apesar de contar com 6 elementos de campo com características defensivas, a sua disposição não parecia encaixar no meio campo benfiquista. Tratava-se sobretudo de uma marcação à zona, em que um dos médios defensivos caía na lateral para marcar Di Maria ou Ramires enquanto o outro colava em Aimar e João Luiz impedia subidas de Javi Garcia. Um dos laterais deveria encostar no médio restante e outro em Saviola, enquanto os centrais ficaríam com Cardozo. Sem dúvida um sistema muito confuso e demasiado exigente.

Perspectiva do Benfica

O Benfica jogou no seu esquema habitual. Quim na baliza, o lateral direito era Maxi Pereira, Luisão e David Luiz jogavam no eixo e César Peixoto do lado esquerdo. Javi Garcia como homem mais recuado do meio campo e depois Ramires na direita, e Di Maria na esquerda, sendo que o primeiro tinha mais preocupações defensivas que o segundo, que se encostava muitas vezes a Saviola e Cardozo passando o Benfica a jogar com três avançados quando tinha a bola. Como distribuidor de jogo estava Aimar e na frente os já referidos Saviola e Cardozo.
Em termos ofensivos já muito foi dito. Constantes subidas dos laterais, sobretudo Maxi, Di Maria muitas vezes a funcionar como extremo e Aimar,  sem marcação específica, a ter alguma liberdade para criar espaços e passes em profundidade.
Em termos defensivos, os quatro defesas estavam em superioridade numérica em relação aos 3 avançados do Marítimo, Javi Garcia encostava a João Luiz e, dada a dificuldade de Roberto e Olberdam em atacar, a preocupação era mais em fechar as subidas dos laterais com Ramires e Di Maria do que propriamente controlar as ofensivas dos médios maritimistas.

Decorrer da 1ª Parte
Olhando para os sistemas tácticos, o Benfica parecia levar vantagem, mas no início o Marítimo esteve melhor. Javi Garcia dava alguma liberdade a João Luiz e Pitbull mostrava-se perigoso. O Marítimo chegou mesmo a enviar duas bolas ao poste (lance individual de Pitbull a descair para o meio e canto directo de Alonso). De qualquer forma, a disposição dos jogadores da equipa madeirense, dava a entender que o Benfica, se acordasse, conseguiria ter todos os espaços e mais alguns.

Golo do Benfica (Saviola) 28'
Nem foi preciso acordar. Bastou uma bola colocada na zona morta entre o central e o lateral direito do Marítimo para toda a defesa ficar descompensada e atrapalhada. E mesmo numa jogada aos repelões, a defesa maritimista não se reorganizou, tanto os médios defensivos como os laterais não sabiam bem onde estar e acabou por aparecer primeiro Cardozo e depois Saviola com espaço para finalizar. Foi o último que marcou.

Expulsão de Olberdam, golo do Benfica (Maxi Pereira) e substituição no Marítimo (Sai Pitbull entra Briguel) 31' a 40'
Estes minutos decidiram o jogo. Em primeiro lugar Olberdam é expulso, e se a disposição táctica do Marítimo já era confusa, com a saída do médio brasileiro a situação ainda piora, perdendo-se o norte. Sem tempo para o Marítimo fazer uma primeira substituição para corrigir a falta de elementos no meio campo, o Benfica marca e decide o jogo. Van der Gaag acaba por tirar Pitbull, o mais perigoso até então, e coloca Briguel a lateral direito. Paulo Jorge sobe para a posição de Olberdam e Manu e Baba ficam na frente, passando o segundo a ter uma postura muito mais móvel do que no início. No entanto, penso que a saída de Baba se justificava mais, apesar de Pitbull já ter um cartão amarelo.

Expulsão de Robson, golo do Benfica (Cardozo), substituição no Marítimo (Sai João Luiz entra João Guilherme) e início da segunda parte.
O Benfica, continuava a ter todo o espaço para jogar, até porque equipas com dois médios defensivos são presa fácil para o sistema táctico dos da Luz. Foi por isso natural o terceiro golo, que também acarretou uma expulsão. Se o jogo já estava decidido, nesta jogada foi decidida a goleada. Mitchell optou por repor o segundo central com a entrada de João Guilherme passando a jogar toda a segunda parte com duas linhas de 4 elementos. Recuou Baba para jogar ao lado de Roberto e nas alas jogou com Manu e Paulo Jorge.

Segunda Parte, dois golos e três substituições  no Benfica, uma substituição no Marítimo
Não há nada para dizer destes 45 minutos que deram sono. O Benfica manteve o mesmo espírito e as substituições só serviram para dar descanso a uns e ritmo a outros. Do lado do Marítimo apenas se esperava pelo fim do jogo.

Fim do jogo e conclusão
Não acredito que uma equipa que apresente o esquema táctico do Marítimo consiga ganhar ao Benfica. As coisas não encaixaram e mais cedo ou mais tarde surgiria o golo. Não foi uma vitória difícil para o Benfica mesmo se excluirmos as expulsões. Após o primeiro golo estava escrito que o Marítimo não ganhava.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Porto - Paços de Ferreira (1-1)

Jogo seguido ao vivo no Estádio do Dragão











Equipas iniciais:


Perspectiva do Porto:
Jesualdo Ferreira apostou no seu sistema habitual. Helton na baliza. Fucile a lateral direito, Bruno Alves e Rolando no centro da defesa e Álvaro Pereira a lateral esquerdo. No meio campo, Tomás Costa mais recuado e Raul Meireles do lado esquerdo e Belluschi do lado direito a formar uma linha mais avançada. Na frente, Varela e Rodriguez como extremos (que alternavam os flancos embora Varela caísse mais na direita e Rodriguez na esquerda) e Falcao a ponta-de-lança.

Ofensivamente os movimentos mais comuns na primeira parte podem-se resumir nos seguintes pontos:
  • A subida dos laterais (alternadamente na maioria dos casos) com combinações com o médio volante ou com o extremo;
  • A amplitude de movimentos dos médios volantes - tanto Meireles como Belluschi caíam muitas vezes nas alas e tentavam alargar o jogo;
  • Bolas longas geralmente dos centrais para os flancos.
Em termos defensivos, devido à pouca capacidade do Paços em contra-atacar, as preocupações não deviam ser muitas:
  • Os extremos fechavam a subidas dos laterais, se é que eles queriam subir;
  • Belluschi e Meireles encostavam nos dois volantes do Paços (Pedrinha e Leonel Olímpio, respectivamente)
  • Os quatro defesas e Tomás Costa ficavam responsáveis pelos três avançados do Paços (Uma superioridade numérica no sector recuado de 5 para 3, neste caso.
Perspectiva do Paços de Ferreira


A disposição dos jogadores era em tudo semelhante à do Porto, as principais diferenças estavam na atitude e nos processos de jogo. Na baliza Cássio, como habitual, e a defesa era constituída por 4 elementos. Danielson adaptado a lateral esquerdo, Ricardo e Ozeia no centro da defesa e Baiano a lateral direito. No meio campo, Filipe Anunciação mais recuado e à sua frente Pedrinha e Leonel Olímpio (esquerda e direita, respectivamente). No ataque, Manuel José à direita, Maykon à esquerda e William no centro.

Em termos ofensivos as movimentações pacenses caracterizavam-se por:
  • Um meio campo muito compacto, com os três jogadores sempre muito próximos uns dos outros;
  • Laterais nada ofensivos, sobretudo Danielson, um central adaptado;
  • Condução de bola apenas por parte dos extremos;
  • Pedrinha e Leonel Olímpio a tentar lançar bolas em profundidade.
As principais atitudes defensivas eram as seguintes:
  • Apostar na segurança dos laterais apesar da lentidão de Danielson;
  • Meio campo igualmente compacto deslocando-se sempre para em bloco para onde a bola estava;
  • Extremos apoiavam a defesa quando os laterais do Porto subiam ou quando Meireles e Belluschi descaíam para a lateral.

Decorrer da 1ª Parte

Tendo em conta a forma como as equipas entraram, será escusado dizer que o Porto começou mais forte. No entanto não causava muitos lances de perigo junto à baliza de Cássio. As jogadas mais perigosas surgiam sobretudo quando Meireles e Belluschi tentavam entrar pelas laterais e com cruzamentos para a área.
Apesar da aparente lentidão da equipa adversária o Porto não apostou em rápidas trocas de bola de uma faixa lateral para a outra, de modo a aproveitar o facto dos três médios do Paços jogarem sempre muito juntos. Não se criaram desequilíbrios e mesmo em termos individuais os pacenses ganhavam sempre no um para um. Danielson conseguiu secar Varela facilmente e Baiano, apesar de ter mais dificuldades em parar Rodriguez acabou por nunca comprometer.
As maiores oportunidades foram uma cabeçada de Falcao junto ao poste e um golo anulado igualmente ao ponta-de-lança do Porto. Uma vez mais, em cruzamentos e em alturas em que Meireles descaía para a lateral esquerda.
Os contra-ataques do Paços foram quase nulos. Meireles e Belluschi fecharam bem Pedrinha e Leonel. Curiosamente, o argentino em termos defensivos esteve ao nível de Meireles, tendo, no entanto, sido menos consequente em termos ofensivos. Os maiores desequilíbrios foram provocados por Maykon, enquanto William surgiu sempre muito sozinho e com dificuldades no meio dos defesas portistas. O ataque era de 3 para 5 e mesmo quando os laterais do Porto subiam subiam ficava Tomás Costa a ajudar a defesa.
Este número exagerado de jogadores sem pendor atacante do Porto é, para mim, um dos principais erros tácticos. Para quê ter 5 jogadores defensivos quando na outra equipa só 3 atacam? Até porque quando os laterais do Porto subiam, os extremos do Paços desciam e em lugar do 3 para 5, passavam a estar 2 para 4. Por outro lado, Tomás Costa, tal como Fernando e Paulo Assunção não tinha qualquer papel ofensivo, tirando um ou outro remate de longe. O papel de um médio defensivo de Jesualdo Ferreira é um papel semelhante ao de um defesa central. A única diferença está no posicionamento, que é um pouco mais à frente.

Segunda parte
Não houve nenhuma alteração táctica ao intervalo. O Paços estava a cumprir os seus objectivos (levar um pontinho) e a jogar como queria e podia, tentando reduzir o número de oportunidades do Porto ao máximo.  Como o Porto criou duas oportunidades de perigo na primeira parte, Jesualdo acreditou que esperando mais um pouco o golo acabaria por surgir.
Não só não surgiu como os jogadores do Paços de Ferreira foram acreditando cada vez mais. Menos oportunidades na baliza do Paços e Maykon começava a criar algumas dores de cabeça a Fucile.

1ª Substituição no Porto (Sai Tomás Costa entra Farías) 60'
Se o Porto cada vez se tornava menos incisivo, com esta substituição as coisas pioraram ainda mais. Jesualdo Ferreira passou a jogar numa táctica semelhante ao Atlético de Madrid. Dois médios lado a lado, dois pontas-de-lança e dois extremos. Meireles e Belluschi deixaram automaticamente de se encostar às laterais já que passaram a ter maiores preocupações defensivas e os maiores desequilíbrios que o Porto criava deixaram de existir. Por outro lado, Ulisses Morais decidiu arriscar um pouco jogando em igualdade numérica na defesa (embora com algum apoio de Filipe Anunciação) e mantendo Pedrinha e Leonel colados a Belluschi e Meireles. O jogo ficou totalmente encaixado e deixaram de existir jogadas de perigo. 

1ª Substituição no Paços (Sai Manuel José entra Pizzi) 66'
Troca por troca. Manuel José não foi muito consistente em termos ofensivos mas fechou bem as subidas de Álvaro Pereira. Pizzi entrou no seu lugar e deu mais força ao ataque, muito embora Álvaro Pereira subisse mais.
A única jogada de perigo entre os 60 e os 75, foi uma vez mais um centro para a área, com Falcao a falhar com a baliza aberta.

2ª Substituição no Porto (Sai Fucile e entra Guarín) 75'
Ao fazer esta substituição Jesualdo assumiu o erro da primeira. No entanto,  com esta nova mudança deixaram de existir posições certas. Passou a andar tudo em arames. Rolando era algo entre o defesa central e o defesa direito, Belluschi era meio médio, meio lateral direito, Guarín ocupava a posição de Meireles e este recuava, perdendo definitivamente toda a influência que tivera nas acções ofensivas da equipa. Na minha opinião seria muito mais correcto tirar Rolando do que Fucile, assumindo Bruno Alves o centro da defesa. Deste modo mantinha-se o desenho no meio campo. Aliás, se a primeira substituição fosse Rolando por Farías o Porto não tinha desperdiçado 15 minutos de jogo.  Tendo em conta que o lado direito da defesa do Porto perdeu identidade Maykon tornou-se cada vez mais perigoso e conseguia aproveitar  a deficiente coordenação entre Belluschi e Rolando.

3ª Substituição no Porto (Sai Belluschi e entra Mariano González) 80'
Curiosamente a 3ª substituição num minuto certo (60, 75 e 80). Será que já vinham estudadas de casa? Mariano veio para dar mais consistência defensiva ao lado direito e mais pulmão no transporte de bola (algo que se perdeu com a saída de Fucile. No entanto, pouco tempo depois...


Golo do Paços (Maykon) 82'
Ao longo de todo este período de indefinição táctica do Porto, o Paço foi mantendo coerência, e os três do meio campo mantinham-se compactos. Numa jogada em que o Porto tentava avançar pela esquerda, lá se encostaram os médios à faixa lateral, tendo inclusive William recuado para compensar uma possível mudança de flanco. Deste modo, Bruno Alves acabou por também encostar à direita, descompensando toda a faixa central. Pedrinha num grande passe coloca a bola nas costas da defesa em Pizzi ficando só ele e Maykon à frente de Rolando e Helton. Uma boa assistência para Maykon encostar o pé. O futebol pode ser tão simples.
Mas o Paços acabou por complicar. O golo foi como um toque de retirada. Encostou tudo na área e todo o equilíbrio perdeu-se. O equilíbrio e a concentração, como demonstra a forma como saíram de um livre para o fora-de-jogo, deixando quase toda a equipa do Porto sozinha.

Golo do Porto (Falcao) 85'
Na sequência do mesmo livre, e com os jogadores em desespero e já sem qualquer táctica, mais uma vez a bola nas faixas laterais, Varela cruza e Falcao marca. O Paços acabou traído pela forma como reagiu ao golo. O Porto acabou por só arriscar tudo quando estava a perder. A inércia criada por estes dois golos seguidos repercutiu-se nos poucos minutos que faltavam para o final. O Paços manteve-se encostado às cordas e o Porto continuou a pressionar por todos os lados. E em pouco mais de 5 minutos existiram tantas oportunidades na baliza de Cássio como no resto do jogo.

Expulsão de Ozeia e 2ª substituição no Paços (Sai William entra Fábio Pacheco) 90'
Com um central expulso e a necessidade de defender o empate a solução era simples para Ulisses Morais. Sai ponta-de-lança entra um novo central. A pressão continua e os golos falhados também. Falcao pode ser acusado de ser perdulário, mas o que é certo é que se retirarmos os penalties já marcou mais golos que Cardozo este campeonato. O problema não foi o ponta-de-lança, mas a demora em assumir o risco.

3ª substituição no Paços (Sai Maykon e entra Jason) 93'
Não foi uma substituição para os aplausos mas para os assobios do adversário (que devem ter soado como aplausos nos ouvidos de Maykon. Igualmente uma forma de queimar tempo.

Fim do jogo e conclusão
O Paços saiu com o seu objectivo. Não foi propriamente uma vitória táctica de Ulisses Morais, mas este teve o mérito de assumir um estilo do início ao golo. O autocarro só estacionou na baliza após esse momento e por causa disso até poderiam ter perdido. Talvez tenha sido uma reacção natural dos jogadores, mas se mantivessem  o mesmo estilo de jogo poderiam ter levado os três pontos.
O Porto perdeu mais 2 pontos que podem ser decisivos para a conquista do título. Uma vez mais entrou com a tracção muito atrás e à espera que os golos surgissem com naturalidade. Não surgiram e o conjunto de substituições ainda piorou a luta pela vitória. Se o Paços não tivesse marcado,  o jogo provavelmente teria ficado 0-0, já que só a partir daí a equipa arriscou tudo.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pontapé de saída

Agora que acabou a primeira volta da época 2009/2010, inicio um blogue em que vou falar de futebol. Do que é importante, dos jogos, das tácticas e da técnica sem tentar cair em clichés e fait-divers. Estou farto de comentadores que não percebem nada disso. Por isso, fala-se de tudo menos de arbitragem.