Há 4 anos
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Porto - Naval (3-0)
Equipas Iniciais:
Perspectiva do Porto
Jesualdo apresentou um esquema muito semelhante ao da terça-feira anterior, exceptuando três trocas sem alterações tácticas (Hélton no lugar de Beto, Bruno Alves no lugar de Maicon e Tomás Costa no lugar do castigado Fernando). Deste modo, a baliza estava entregue a Hélton. A defesa com Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira. Tomás Costa como médio mais recuado, Ruben Micael a médio interior esquerdo e Belluschi a médio interior direito. Mais à frente, Varela, Falcao e Mariano.
Em termos defensivos, foi difícil descortinar as opções do Porto, já que em nenhum momento a Naval aproximou-se da baliza no início da partida. Apenas o habitual encostar dos médios interiores nos jogadores da mesma posição da Naval e os 5 jogadores defensivos para o único avançado do adversário. Sim, porque os extremos da Naval eram mais segundos defesas laterais que outra coisa.
Em termos ofensivos destaca-se, uma vez mais, a bela dupla Rúben-Belluschi. O primeiro acelera o jogo através da verticalidade e da qualidade do passe e o segundo através da sua própria velocidade de transporte de bola e de desmarcação. Destaca-se também a subida dos laterais, sobretudo Álvaro Pereira (em excelente forma) que permitia criar situações de superioridade numérica nas linhas com o apoio dos médios. Por fim, existia ainda a possibilidade de trocar de extremos, com Mariano a poder transitar para a direita e Varela para a esquerda.
Perspectiva da Naval:
Em termos teóricos (muito teóricos, mesmo), o sistema de Inácio era o mesmo do de Jesualdo. Peiser na baliza. Uma linha de 4 defesas com Carlitos, Gomis, Diego Ângelo e Daniel Cruz. Três médios com Bruno Lazroni mais recuado e Godeméche e Alex Hauw mais avançados. E três avançados teóricos, Davide, Bolívia e Camora.
Em termos ofensivos era um deserto. Bolívia muito desapoiado e a condução de jogo quase que se resumia ao lateral direito Carlitos em situações pontuais. De resto, a ordem era para defender e não para contra-atacar.
Em termos defensivos pode-se dizer que a Naval atracou o Ferry Boat à baliza. Bruno Lazaroni jogava muitas vezes como terceiro central, e mesmo quando isso não acontecia formava uma segunda linha defensiva com Davide, Godeméche, Alex Hauw e Camora. Os dois extremos teóricos, defendiam junto aos laterais para apoiá-los nas previsíveis subidas dos laterais do Porto ou em deambulações dos médios interiores para as laterais. E, para cúmulo da atitude defensiva, nem o ponta-de-lança ficava encostado aos centrais portistas. Este era o marcador directo de Tomás Costa, de modo a que este não apanhasse segundas bolas.
1ª Parte
A descrição das atitudes das equipas sintetiza o que se passou na primeira meia hora. Naval não rima com atacar e o Porto, apesar disso mantinha-se com os quatro defesas (em engenharia chama-se sobredimensionamento a esta opção). De qualquer modo, a defesa muito baixa da Naval (11 jogadores num terço do terreno) permitia que Rúben Micael e Belluschi andassem sempre próximos da área e usassem a sua qualidade para criar perigo, aproveitando também a velocidade de elementos como Álvaro Pereira e Varela. Este último começou na direita, mas passou logo nos primeiros minutos para a esquerda, onde se tornou bastante mais perigoso.
Álvaro Pereira, na sua forma e capacidade de estar em situações ofensivas acabou por sofrer a falta que originou o primeiro golo, marcado por Tomás Costa num livre indirecto. Apesar do golo e até ao intervalo os dois sistemas mantiveram-se inalterados.
2ª Parte
Após o intervalo, a Naval surgiu finalmente com ideias de contra-atacar. Fábio Júnior, o novo ponta-de-lança (entrou para o lugar de Davide, obrigando Bolívia a descair mais pela direita) não era o marcador directo de Tomás Costa e pôde jogar encostado aos centrais. Os extremos finalmente chegaram ao meio campo (sobretudo Bolívia, numa posição entre o extremo e o segundo ponta-de-lança) e o meio campo passou a estender-se mais pelo terreno de jogo (embora muito retraído em comparação com o do Porto).
Apesar da maioria das oportunidades pertencerem ao Porto, a Naval tornou-se mais perigosa, tendo mesmo criado uma oportunidade num livre lateral. Jesualdo respondeu a este perigo trocando Belluschi por Guarín, de modo a conter mais o jogo (e fazer descansar o argentino, fisicamente mais debilitado). Inácio respondeu colocando logo a seguir Giuliano no lugar de Alex Hauw, ou seja, dando velocidade ao meio campo do lado do elemento mais lento, Guarín. Mais tarde troca Bolívia por Simplício (ainda mais velocidade) e é este jogador, a extremo direito que causa o maior calafrio à defesa do Porto.
Apesar de uma Naval de cara lavada o Porto mantinha-se mais ofensivo e num livre próximo da área, com duplo toque de cabeça (jogada estudada), Falcao marca e resolve o jogo.
Depois do segundo golo, duas substituições no Porto para descansar Fucile e Rúben Micael e o domínio total do jogo. O terceiro golo, por Varela, foi o resultado de dez minutos em que a Naval baixou os braços e encostou-se de novo às cordas.
Conclusão
A forma como a Naval entrou em campo, funcionaria com um Porto nervoso (como no jogo com o Paços de Ferreira). Falhando muitas oportunidades (que seriam criadas inevitavelmente) poderiam surgir fantasmas e assobios e o Porto entraria desse modo em decréscimo de produção. Só que agora a realidade é outra, sobretudo desde que Rúben Micael entrou e essa aposta não surtiu efeito.
Inácio, disse no fim, que a equipa deveria jogar sempre como na segunda parte. Eu acho que se não jogou assim na primeira foi por sua culpa e não dos jogadores. Poderiam levar na mesma 3 ou até mais, mas também teriam mais oportunidades para fazer uma surpresa. A opção caiu no Ferry Boat encostado junto à baliza e o resultado foi o que se viu.
O Porto cumpriu, sem muito brilhantismo mas com o total controlo do jogo. Os níveis de confiança estão em alta desde a chegada de Rúben que contagiou Belluschi, Álvaro Pereira, Falcao e Varela. Resta saber o que acontecerá quando Meireles regressar...
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