Há 4 anos
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Porto - Braga (5-1)
Equipas iniciais
Perspectiva do Porto
O Porto apresentou-se com o habitual sistema, mas com pequenas alterações relativamente ao jogo anterior. Mariano Gonzalez substituiu o castigado Hulk, mas em vez de jogar na esquerda como o fez em muitos jogos passou para a direita, desviando Varela para o lado contrário. Para além disso, Rúben Micael apareceu nas esquerda do meio-campo e Raúl Meireles na direita.
O Porto jogou então com Hélton na baliza. Fucile a lateral direito, Rolando e Bruno Alves no centro da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando era o médio mais recuado, à sua frente Meireles e Rúben Micael e no ataque Mariano, Falcao e Varela.
Em termos ofensivos a deslocação de Varela para a esquerda foi no sentido de aproveitar um ponto fraco da defesa do Braga: Filipe Oliveira. Por outro lado, além dos já mais que referidos movimentos dos médios interiores para as laterais (mais Meireles que Micael), notavam-se movimentos verticais de fora para dentro da área. Conhecendo a pressão alta do Braga não havia muita margem para a construção pausada de trás para a frente, pelo que a transição era feita preferencialmente pelas laterais, sobretudo pela esquerda com trocas de bola entre Álvaro Pereira e Varela.
Em termos defensivos, a colocação de Mariano à direita servia não só para Varela explorar Filipe Oliveira mas também para segurar Evaldo, que seria assim impedido de fazer as suas habituais incursões perigosas pela esquerda. Mais atrás, e como o Braga gosta de jogar com cinco homens em bloco dentro da área, a marcação era tipicamente à zona, recuando sempre um dos médios interiores de modo a obter-se superioridade numérica defnsiva.
Perspectiva do Braga
O Braga apresentou-se com um sistema diferente do habitual, tentando obter superioridade numérica no meio-campo. Eduardo na baliza, Filipe Oliveira a lateral direito, Paulão e Moisés como defesas centrais e Evaldo a lateral esquerdo. O meio-campo apesar de ter mais um homem, caracterizava-se por não ter posições muito fixas. Olberdam era o elemento mais recuado, o único que não avançava no terreno até à área do Porto. Hugo Viana era, dos restantes aquele que tinha maior pendor defensivo. Alan era um misto de médio direito e de extremo direito. Luís Aguiar jogava mais pela esquerda e Mossoró pelo centro, tanto surgindo no papel de número dez como no de ponta-de-lança. Paulo César era claramente o elemento mais adiantado, embora não fosse um ponta-de-lança puro.
Em termos ofensivos, o Braga procurava colocar sempre cinco homens na área (Alan, Paulo César, Mossoró, Luís Aguiar e Hugo Viana), podendo a bola ser transportada por qualquer um, à excepção de Paulo César. Ao contrário do habitual, os laterais, nomeadamente Evaldo raramente subiam, pelo que a transição ofensiva estava mesmo limitada aos cinco jogadores referidos. Paulo César, como referi, não era um ponta-de-lança, mas sim um elemento móvel sem preocupações defensivas. Quando surgia no meio, era frequente entrar do lado esquerdo Luís Aguiar, embora também surgisse de vez em quando Mossoró ou mesmo Hugo Viana. Quando se deslocava para a esquerda surgia no meio Mossoró. Estas subidas de cinco homens deixavam muitas vezes bastante espaço livre entre o sector defensivo e o ofensivo (linha de cinco homens na área e os quatro defesas no meio campo) que Olberdam era incapaz de fechar, ficando muitas vezes pouco à frente dos centrais.
Em termos defensivos, havia a preocupação de colocar quatro elementos a pressionar junto à área adversária bem junto dos quatro defesas do Porto. Alan em Álvaro Pereira, Mossoró e Paulo César nos centrais e Luís Aguiar em Fucile. Mais atrás, Hugo Viana encostava em Meireles e Olberdam em Rúben Micael. O objectivo era limitar as linhas de passe do Porto forçando a equipa a lançamentos longos por parte dos defesas ou a ter que transportar a bola com Fernando, um elemento claramente fraco no capítulo da construção de jogo.
1ª Parte
O jogo começou numa toada bastante rápida com preponderância do Porto. Uma vez mais, o lado esquerdo foi o principal impulsionador. Domingos colocou Alan desse lado pois embora seja um jogador que não defende propriamente bem, atemoriza os laterais por ser muito rápido e perigoso quando ganha a frente dos adversários. No entanto, Álvaro Pereira pouco se importou e subiu na mesma, passando facilmente Alan e mesmo sem precisar de um grande apoio de Rúben Micael conseguia, juntamente com Varela pôr a cabeça de um Filipe Oliveira muito fraco em água (Era o mesmo jogador que jogou com o Sporting e fez esquecer João Pereira?).
O Braga apostava na colocação dos tais cinco homens na área do Porto. Era perigoso nessas alturas mas o espaço que se abria entre defesa e ataque beneficiava as transições rápidas do Porto, que voltaram a funcionar bem. Quanto à superioridade numérica no meio-campo devido à alteração táctica de Domingos, pouco ou nada se notava.
O primeiro golo do Porto surgiu do aproveitamento do espaço no meio-campo. Meireles teve espaço para um passe vertical para Rúben Micael, este colocou rapidamente em Varela que com todo o espaço dado pelo hesitante Filipe Oliveira colocou no meio onde entrou muito depressa Raúl Meireles, num movimento pouco típico até agora no Porto (fazendo lembrar os de Lucho).
O Braga partiu-se por completo com o golo. Alan não conseguia controlar Álvaro Pereira. Olberdam estranhava o seu movimento, ora sozinho no eixo ora a descair para a direita para marcar Rúben Micael e Luís Aguiar também não conseguia desdobrar-se em extremo. A excepção maior no Braga era Mossoró, que conseguia interpretar bem o seu papel de falso ponta-de-lança. Do lado do Porto, e apesar do bom entendimento nos contra-ataques, Raúl Meireles e Rúben Micael tinham algumas dificuldades em jogadas construídas desde trás. Talvez para que se sentissem mais à vontade em campo, aos 30 minutos em ponto trocaram de posição, Meireles para a esquerda e Micael para a direita. A partir daí houve uma ligeira subida de rendimento de ambos.
Uma das características da equipa do Braga é a sua coesão. Mesmo quando avança com cinco homens e deixa um espaço grande no meio campo, qualquer um dos seus jogadores tem pelo menos dois ou três à sua volta num raio de meia dúzia de metros. O mesmo acontece nas bolas paradas, tanto atrás como à frente e se na maior parte dos casos essa coesão é positiva, em alguns casos pode ser negativa. E no que restava de um canto a bola acabou por sobrar para Álvaro Pereira (que recua nos cantos, tal como Fucile) que teve tempo para preparar um grande remate que resultou num grande golo.
A partir daí, e se o Braga já estava em baixo, ainda ficou mais. Hugo Viana acabou engolido pelo jogo, a pressão alta deixou de funcionar e até Fernando, no Porto, começou a transportar jogo, sendo o elo que faltava para que o Braga começasse a ser goleado. Não foi Fernando a iniciar mas foi a enésima jogada pela esquerda e a enésima vez que Varela ganhou as costas de Filipe Oliveira numa jogada com Álvaro Pereira. Depois foi Falcao a aparecer como ele sabe para marcar o terceiro e fechar o jogo aos 35 minutos.
2ª Parte
Domingos decidiu substituir Hugo Viana e colocar Meyong, aproximando-se mais do seu sistema habitual. No entanto, aquela capacidade de pressing em sucessivos triângulos bem característica do Braga deste ano não apareceu. Não havia força nem capacidade física para um sistema tão exigente. Por outro lado, Meireles e Rúben Micael ficavam com mais espaço e a distância entre defesa e ataque do Braga mantinha-se.
O Porto passava assim a ter muitas situações em que chegava à área em superioridade numérica de 5 contra 4, criando sempre perigo e reequilibrando-se rapidamente quando perdia a bola (aqui entra a garra dos dois médios interiores do Porto).
Dado o jogo bastante mau de Olberdam, Domingos substituiu-o por Rafael Bastos, dando maior capacidade construtiva desde trás ao mesmo tempo que libertava os laterais para subirem. No entanto, estes subiam muitas vezes sem consciência, os dois ao mesmo tempo, deixando a defesa desguarnecida. Numa dessas vezes Mariano podia ter marcado, mas sem surpresas falhou isolado.
Jesualdo foi refrescando a equipa tirando Rúben Micael e metendo Tomás Costa. Entretanto, num canto, Falcao marcava mais um golo num jogo que ia perdendo a história. Domingos ainda tirou um Mosssoró cansado para colocar Mateus a entrar como segundo ponta-de-lança mas pouco alterou. O jogo estava decidido e ainda foi marcado um golo para cada lado. Já pouco interessava. A goleada estava feita.
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