domingo, 11 de abril de 2010

Rio Ave - Porto (0-1)


Jogo assistido ao vivo no Estádio do Rio Ave F. C. com a cortesia de Reis do Ave

Após algum tempo de ausência, estamos de novo de regresso aos relvados. Em breve, haverá novidades e uma alteração de formato.

Equipas iniciais

Perspectiva do Rio Ave

O Rio Ave voltou ao sistema habitual mas com duas alterações relativamente à equipa mais utilizada. Carlos na baliza. A defesa composta por Zé Gomes (direita), Gaspar (central), Jeferson (central no lugar de Fábio Faria) e Sílvio. Dois médios mais defensivos: Vilas Boas na esquerda e Wires na direita. Adriano como médio mais adiantado, no lugar ocupado geralmente por Vítor Gomes e três avançados, Bruno Gama na direita, Nélson Oliveira no meio e Sidnei na esquerda.
A estratégia inicial da equipa vilacondense passava por, em termos ofensivos, surpreender com a criatividade de Adriano a conduzir o ataque (já que Wires e Vilas Boas tinham funções quase exclusivamente defensivas) apostar na mobilidade de Nélson Oliveira e na profundidade de Sidnei e Bruno Gama. Os laterais não tinham muita tendência para subir e ajudar o ataque.
Em termos defensivos, observava-se uma equipa à imagem de Brito. Pressão muito alta e uma grande proximidade entre os sectores (pouco mais de 25 metros entre o jogador mais avançado e o mais recuado). Os extremos e cobriam sempre os laterais adversários (não deixando o Porto canalizar o jogo pelos flancos) e Nélson Oliveira (ou mesmo Adriano) caía nos centrais quando estes tinham a bola. O meio-campo defendia na maioria dos casos à zona. Vilas Boas fechava mais na esquerda e no centro, ora caindo no raio de acção de Tomás Costa ora em Rúben Micael mas nunca nas subidas dos laterais. Wires surgia na zona de construção de Raúl Meireles ou de Rúben Micael. Adriano fechava não só nos centrais (na primeira fase da construção) como nos médios interiores do Porto, já que era sabido que Fernando raramente subia. Na defesa a marcação também era feita à zona. Os laterais quase não subiam para conter as ofensivas de Hulk (sobretudo Sílvio) e os centrais desdobravam-se entre Falcao e Rúben Micael (quando este encostava um pouco mais à frente).

Perspectiva do Porto

O Porto apresentou-se com o sistema que passou a utilizar desde que a última vaga de lesões lhe levou quase todos os extremos. Hélton na baliza, defesa com Miguel Lopes na direita, Bruno Alves e Rolando no centro da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando como médio mais recuado, Tomás Costa no lugar habitualmente ocupado por Guarín (direita do meio-campo), Raúl Meireles como interior direito e Rúben Micael na extremidade mais ofensiva do meio-campo. Na frente surgia Falcao, mais fixo no centro e Hulk, que arrancava da direita para o meio.
Em termos ofensivos o Porto, desde que usa este sistema de quatro médios, funciona de uma forma algo assimétrica. Do lado direito, Miguel Lopes procurava servir Hulk através de passes verticais ou combinações com Tomás Costa. Já Álvaro Pereira do lado esquerdo deveria procurar mais a linha de fundo e cruzamentos para a área, contando com o apoio de Raúl Meireles. Curiosamente (não sei se de propósito ou como resultado da postura do Rio Ave), os dois médios interiores raramente caíam nas laterais. Tomás Costa apenas tabelava com Miguel Lopes, conduzindo sempre o jogo pelo meio e Raúl Meireles, embora caísse mais no flanco que o seu colega do lado direito, fazia-o com uma frequência muito reduzida quando se compara com outros jogos. Micael era o elemento mais livre do meio campo, mas raramente saía da zona central, Hulk, como referi antes, partia sempre da direita procurando usar o seu forte remate em incursões na diagonal.
Em termos defensivos, o Porto fechava as possíveis subidas dos laterais com os médios interiores, Fernando marcava quase homem-a-homem Adriano e Rúben Micael fechava sempre que necessário as subidas de Wires ou Vilas-Boas. Na defesa, o habitual 4 para 3.

1ª Parte

O Rio Ave entrou claramente por cima. A sua pressão a campo inteiro surpreendeu o Porto, e a equipa vilacondense aproveitava os muitos erros no passe para criar lances de perigo. O Porto não conseguia sair com a bola controlava mas também evitava os lançamentos longos, pelo que o Rio Ave conseguia recuperar a bola bem longe da sua área.
Sidnei teve logo duas oportunidades clamorosas para marcar golo. Primeiro com um cabeceamento ao poste depois de um grande cruzamento com o pé esquerdo de Bruno Gama e depois aproveitando uma grave falha de Álvaro Pereira acabando por perder no cara-a-cara com Hélton.
Lentamente o Porto foi melhorando a transição para o ataque, deixando de perder bolas cá atrás, mas o Rio Ave estava irrepreensível defensivamente. Miguel Lopes e Álvaro Pereira pouco subiam e eram inconsequentes, tal o trabalho efectuado pelos extremos vilacondenses.
O Rio Ave era sobretudo perigoso no contra-ataque e quando recuperava bolas muito à frente. O seu jogo construído desde trás perdia-se no meio-campo. Adriano era claramente o elemento com essa função, mas não era suficientemente perigoso, mais por estar muito desacompanhado do que por inépcia própria.
Ao Porto faltava quem recuasse a vir buscar jogo. Rúben Micael pouco se via, Hulk estava a ser bem marcado por Sílvio, Tomás Costa não tinha criatividade para criar, limitando-se a transportar bola e a passar curto e Meireles parecia limitado fisicamente.
Após as oportunidades de Sidnei, até ao fim da primeira parte apenas se regista como oportunidade um remate perigoso de Hulk, curiosamente da esquerda.

2ª Parte

A segunda parte começou da mesma forma como a primeira acabou. O Rio Ave continuava a defender bem e a atacar mal e o Porto sem necessitar de defender e sem saber atacar. As jogadas mais perigosas do Rio Ave surgiam quando Adriano conseguia ultrapassar Fernando e soltar a bola para Bruno Gama cruzar para a área. Exemplo disso é um cabeceamento ao lado de Nélson Oliveira aos 60 minutos. Em termos físicos o jogo parecia muito exigente para o Rio Ave, mas a equipa não dava mostras de fraqueza e pontualmente (sem nunca estar perto de massacrar) também criava alguns lances de perigo.
A primeira substituição de Jesualdo era mais que óbvia. Saía Tomás Costa, num jogo medíocre e entrava Farías. Este iria fazer companhia a Falcao no eixo do ataque, passando Hulk para o lado esquerdo. Farías deveria fechar à direita, mas como os laterais do Rio Ave (neste caso Sílvio) pouco subiam, o argentino acabava por ser um verdadeiro ponta-de-lança.
Pouco depois Hulk cria nova jogada de perigo, mas o lado esquerdo não lhe permitia rematar com eficácia habitual. Talvez tenha sido esta a melhor fase do Porto, que acabou por marcar por intermédio de Farías após um canto marcado por Hulk. O Porto colocava nestes cantos 4 jogadores muito fortes no jogo aéreo (Rolando, Bruno ALves, Falcao e Farías), e este foi o maior trunfo de todo o jogo.
Seguiu-se uma série de substituições. Jesualdo tira Rúben Micael, muito apagado, e coloca Belluschi no seu lugar. Brito começa por colocar Vítor Gomes no lugar de Wires para dar uma maior criatividade ao meio campo e permitir que este jogador se colocasse pontualmente ao lado de Adriano, invertendo o triângulo do meio-campo. Depois trocou pontas-de-lança (Oliveira por Fogaça) e, por fim, Jeferson por Fábio Faria devido a problemas físicos do primeiro (não motivando nenhuma alteração táctica). Para uma equipa que queria ganhar, a única alteração de pendor ofensivo foi a entrada de Vítor Gomes, o que é bastante limitado. Apesar do Rio Ave estar a jogar bem em termos defensivos, com boa pressão, já não recuperava bolas na frente do ataque há muito tempo, e o Porto parecia controlar as investidas dos avançados vilacondenses.
O jogo voltou à toada anterior ao golo. Hulk na esquerda eclipsou-se, como tantas outras vezes, o Rio Ave continuava a pressionar bem e a manter a equipa compacta, mas não conseguia criar muito perigo à frente e quando criava alguma jogada mais perigosa, os seus avançados tinham claras dificuldade de concretização. De qualquer forma, o Rio Ave teve mais oportunidades mas controlou menos o jogo.

Conclusão
O Rio Ave pressiona bem, ganha bolas na frente mas tem graves problemas de concretização. Além disso, tem dificuldades no processo de criação, falta alguém a fazer o papel que tinha Ricardo Nascimento ainda há poucos anos. Foi fácil de perceber que estando a perder, a equipa vilacondense teria poucas hipóteses de dar a volta.
O Porto fez um jogo sofrível, sem capacidade de criar muitos lances de perigo e sem usar as laterais como faixas de transporte de bola. Acabou por usar a qualidade dos seus jogadores num lance de bola parada e depois controlou o jogo ofensivo do Rio Ave com mais facilidade.
Acabou por ser um jogo com muita luta, com equipas coesas em termos defensivos (sobretudo o Rio Ave) mas pouco criativas e com dificuldades a chegar ao último terço do terreno.

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