Há 4 anos
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Porto - Braga (5-1)
Equipas iniciais
Perspectiva do Porto
O Porto apresentou-se com o habitual sistema, mas com pequenas alterações relativamente ao jogo anterior. Mariano Gonzalez substituiu o castigado Hulk, mas em vez de jogar na esquerda como o fez em muitos jogos passou para a direita, desviando Varela para o lado contrário. Para além disso, Rúben Micael apareceu nas esquerda do meio-campo e Raúl Meireles na direita.
O Porto jogou então com Hélton na baliza. Fucile a lateral direito, Rolando e Bruno Alves no centro da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando era o médio mais recuado, à sua frente Meireles e Rúben Micael e no ataque Mariano, Falcao e Varela.
Em termos ofensivos a deslocação de Varela para a esquerda foi no sentido de aproveitar um ponto fraco da defesa do Braga: Filipe Oliveira. Por outro lado, além dos já mais que referidos movimentos dos médios interiores para as laterais (mais Meireles que Micael), notavam-se movimentos verticais de fora para dentro da área. Conhecendo a pressão alta do Braga não havia muita margem para a construção pausada de trás para a frente, pelo que a transição era feita preferencialmente pelas laterais, sobretudo pela esquerda com trocas de bola entre Álvaro Pereira e Varela.
Em termos defensivos, a colocação de Mariano à direita servia não só para Varela explorar Filipe Oliveira mas também para segurar Evaldo, que seria assim impedido de fazer as suas habituais incursões perigosas pela esquerda. Mais atrás, e como o Braga gosta de jogar com cinco homens em bloco dentro da área, a marcação era tipicamente à zona, recuando sempre um dos médios interiores de modo a obter-se superioridade numérica defnsiva.
Perspectiva do Braga
O Braga apresentou-se com um sistema diferente do habitual, tentando obter superioridade numérica no meio-campo. Eduardo na baliza, Filipe Oliveira a lateral direito, Paulão e Moisés como defesas centrais e Evaldo a lateral esquerdo. O meio-campo apesar de ter mais um homem, caracterizava-se por não ter posições muito fixas. Olberdam era o elemento mais recuado, o único que não avançava no terreno até à área do Porto. Hugo Viana era, dos restantes aquele que tinha maior pendor defensivo. Alan era um misto de médio direito e de extremo direito. Luís Aguiar jogava mais pela esquerda e Mossoró pelo centro, tanto surgindo no papel de número dez como no de ponta-de-lança. Paulo César era claramente o elemento mais adiantado, embora não fosse um ponta-de-lança puro.
Em termos ofensivos, o Braga procurava colocar sempre cinco homens na área (Alan, Paulo César, Mossoró, Luís Aguiar e Hugo Viana), podendo a bola ser transportada por qualquer um, à excepção de Paulo César. Ao contrário do habitual, os laterais, nomeadamente Evaldo raramente subiam, pelo que a transição ofensiva estava mesmo limitada aos cinco jogadores referidos. Paulo César, como referi, não era um ponta-de-lança, mas sim um elemento móvel sem preocupações defensivas. Quando surgia no meio, era frequente entrar do lado esquerdo Luís Aguiar, embora também surgisse de vez em quando Mossoró ou mesmo Hugo Viana. Quando se deslocava para a esquerda surgia no meio Mossoró. Estas subidas de cinco homens deixavam muitas vezes bastante espaço livre entre o sector defensivo e o ofensivo (linha de cinco homens na área e os quatro defesas no meio campo) que Olberdam era incapaz de fechar, ficando muitas vezes pouco à frente dos centrais.
Em termos defensivos, havia a preocupação de colocar quatro elementos a pressionar junto à área adversária bem junto dos quatro defesas do Porto. Alan em Álvaro Pereira, Mossoró e Paulo César nos centrais e Luís Aguiar em Fucile. Mais atrás, Hugo Viana encostava em Meireles e Olberdam em Rúben Micael. O objectivo era limitar as linhas de passe do Porto forçando a equipa a lançamentos longos por parte dos defesas ou a ter que transportar a bola com Fernando, um elemento claramente fraco no capítulo da construção de jogo.
1ª Parte
O jogo começou numa toada bastante rápida com preponderância do Porto. Uma vez mais, o lado esquerdo foi o principal impulsionador. Domingos colocou Alan desse lado pois embora seja um jogador que não defende propriamente bem, atemoriza os laterais por ser muito rápido e perigoso quando ganha a frente dos adversários. No entanto, Álvaro Pereira pouco se importou e subiu na mesma, passando facilmente Alan e mesmo sem precisar de um grande apoio de Rúben Micael conseguia, juntamente com Varela pôr a cabeça de um Filipe Oliveira muito fraco em água (Era o mesmo jogador que jogou com o Sporting e fez esquecer João Pereira?).
O Braga apostava na colocação dos tais cinco homens na área do Porto. Era perigoso nessas alturas mas o espaço que se abria entre defesa e ataque beneficiava as transições rápidas do Porto, que voltaram a funcionar bem. Quanto à superioridade numérica no meio-campo devido à alteração táctica de Domingos, pouco ou nada se notava.
O primeiro golo do Porto surgiu do aproveitamento do espaço no meio-campo. Meireles teve espaço para um passe vertical para Rúben Micael, este colocou rapidamente em Varela que com todo o espaço dado pelo hesitante Filipe Oliveira colocou no meio onde entrou muito depressa Raúl Meireles, num movimento pouco típico até agora no Porto (fazendo lembrar os de Lucho).
O Braga partiu-se por completo com o golo. Alan não conseguia controlar Álvaro Pereira. Olberdam estranhava o seu movimento, ora sozinho no eixo ora a descair para a direita para marcar Rúben Micael e Luís Aguiar também não conseguia desdobrar-se em extremo. A excepção maior no Braga era Mossoró, que conseguia interpretar bem o seu papel de falso ponta-de-lança. Do lado do Porto, e apesar do bom entendimento nos contra-ataques, Raúl Meireles e Rúben Micael tinham algumas dificuldades em jogadas construídas desde trás. Talvez para que se sentissem mais à vontade em campo, aos 30 minutos em ponto trocaram de posição, Meireles para a esquerda e Micael para a direita. A partir daí houve uma ligeira subida de rendimento de ambos.
Uma das características da equipa do Braga é a sua coesão. Mesmo quando avança com cinco homens e deixa um espaço grande no meio campo, qualquer um dos seus jogadores tem pelo menos dois ou três à sua volta num raio de meia dúzia de metros. O mesmo acontece nas bolas paradas, tanto atrás como à frente e se na maior parte dos casos essa coesão é positiva, em alguns casos pode ser negativa. E no que restava de um canto a bola acabou por sobrar para Álvaro Pereira (que recua nos cantos, tal como Fucile) que teve tempo para preparar um grande remate que resultou num grande golo.
A partir daí, e se o Braga já estava em baixo, ainda ficou mais. Hugo Viana acabou engolido pelo jogo, a pressão alta deixou de funcionar e até Fernando, no Porto, começou a transportar jogo, sendo o elo que faltava para que o Braga começasse a ser goleado. Não foi Fernando a iniciar mas foi a enésima jogada pela esquerda e a enésima vez que Varela ganhou as costas de Filipe Oliveira numa jogada com Álvaro Pereira. Depois foi Falcao a aparecer como ele sabe para marcar o terceiro e fechar o jogo aos 35 minutos.
2ª Parte
Domingos decidiu substituir Hugo Viana e colocar Meyong, aproximando-se mais do seu sistema habitual. No entanto, aquela capacidade de pressing em sucessivos triângulos bem característica do Braga deste ano não apareceu. Não havia força nem capacidade física para um sistema tão exigente. Por outro lado, Meireles e Rúben Micael ficavam com mais espaço e a distância entre defesa e ataque do Braga mantinha-se.
O Porto passava assim a ter muitas situações em que chegava à área em superioridade numérica de 5 contra 4, criando sempre perigo e reequilibrando-se rapidamente quando perdia a bola (aqui entra a garra dos dois médios interiores do Porto).
Dado o jogo bastante mau de Olberdam, Domingos substituiu-o por Rafael Bastos, dando maior capacidade construtiva desde trás ao mesmo tempo que libertava os laterais para subirem. No entanto, estes subiam muitas vezes sem consciência, os dois ao mesmo tempo, deixando a defesa desguarnecida. Numa dessas vezes Mariano podia ter marcado, mas sem surpresas falhou isolado.
Jesualdo foi refrescando a equipa tirando Rúben Micael e metendo Tomás Costa. Entretanto, num canto, Falcao marcava mais um golo num jogo que ia perdendo a história. Domingos ainda tirou um Mosssoró cansado para colocar Mateus a entrar como segundo ponta-de-lança mas pouco alterou. O jogo estava decidido e ainda foi marcado um golo para cada lado. Já pouco interessava. A goleada estava feita.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Porto - Arsenal (2-1)
Equipas iniciais
Perspectiva do Porto
O Porto apresentou-se com o seu esquema habitual, embora com pequenas alterações (entradas de Hulk e Raúl Meireles para os lugares de Mariano e Belluschi). Hélton esteve na baliza. Defesa constituída por Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira. Meio-campo com Fernado mais recuado, Ruben Micael na direita e Raúl Meireles na esquerda. À frente Varela e Hulk junto às laterais (trocando constantemente de posições) e Falcao no eixo.
Em relação à postura táctica, em primeiro lugar é necessário referir o total encaixe teórico no sistema do Arsenal. Enquanto o Porto tinha um triângulo no meio-campo com o vértice recuado (Fernando), o vértice do Arsenal (Fabregas) era o mais adiantado. Deste modo, Meireles e Rúben Micael estavam encostados a Diaby e Denilson e Fernando a Fabregas.
Em termos ofensivos, o jogo caracterizava-se por menor mobilidade lateral dos médios mais ofensivos (não descaíam tantas vezes para o apoio aos extremos e à subida dos laterais). Por outro lado, Varela e Hulk trocavam mais vezes de posição do que o costume e Álvaro Pereira mantinha a sua propensão ofensiva. Em termos defensivos, o objectivo seria encaixar ao máximo o meio-campo. Com Fernando a marcar Fabregas e Meireles e Rúben Micael a impedirem subidas de Denilson e, sobretudo, Diaby.
Perspectiva do Arsenal
O Arsena apresentou-se com a já referida estrutura: Fabiansky na baliza, defesa com Sagna, Campbell, Vermaelen e Clichy. Meio-campo com Denilson e Diaby mais recuados e Fabregas solto à frente destes. Nasri a extremo esquerdo, Rosicky a extremo direitoe Brendtner a ponta-de-lança.
As principais opções ofensivas passavam por uma influência muito grande de Fabregas. Este movimentava-se bastante, sobretudo encostando ao lado de Brendtner como segundo ponta-de-lança, mas também deslocava-se para as laterais, ou recuava para vir buscar jogo mais atrás. Por outro lado Diaby era o segundo médio mais ofensivo, trocando de posição com Fabregas nos pontapés de baliza de modo a ganhar bolas de cabeça em zonas ofensivas. Notavam-se também algumas trocas de posição Brandtner-Rosicky e Brendtner-Nasri, mas estas eram mais raras. Os laterais pouco subiam.
Em termos defensivos, Wenger apostou numa pressão alta, com 4 homens junto aos defesas do Porto de modo a terem dificuldades a iniciar jogadas de ataque. Denilson e Diaby tentavam controlar Meireles e Rúben e na defesa 4 homens para os três avançados do Porto. Não havia, por isso uma preocupação com subidas de Fernando, por exemplo.
1ª Parte
Embora o encaixe táctico pudesse supor um início de jogo demasiado perdido a meio campo, acabou por suceder o contrário. Tanto o Arsenal como o Porto (sobretudo), entraram com vontade de marcar e chegavam facilmente à baliza contrária. Isto deveu-se, sobretudo, às subidas dos médios defensivos do Arsenal (Diaby, maioritariamente) que se por um lado, não eram acompanhadas com descidas de Meireles e Micael, por outro permitiam que os dois médios do Porto tivessem também liberdade paraconstruir. Também se notou algum nervosismo na defesa do Arsenal, daí que o Porto criasse mais situações de perigo. Foi numa demonstração de insegurança de um jogador (Fabiansky) que o Porto passou para a frente ainda nos primeiros minutos.
Após o golo, o Arsenal veio para a frente, utilizando não só as subidas de Diaby como Fabregas, que começou a pegar no jogo mais frequentemente. Nessa altura o meio-campo do Porto começou a desmembrar. Rúben Micael e Meireles não se entendiam convenientemente (quanto tempo treinaram juntos? uma semana?) e Fernando falhava em todos os timings (Vou agora ao Fabregas ou não? Vou cortar a bola ao Diaby ou fico com o Fabregas?). Além disso, o Arsenal era perigosíssimo em lances de bola parada (todos bem estudados), e foi num canto que empataram.
A seguir ao golo, o Porto voltou a acelerar um pouco, mas o Arsenal mantinha-se com vocação ofensiva. O jogo estava assim porque se por um lado, Fernando era incapaz de se encontrar e Rúben e Meireles não cumpriam as suas funções defensivas, por outro Denilson e Diaby também não travavam muito bem os dois médios do Porto. Há ainda que contar com Fabregas, que parecia estar em todo o campo: Ora a ponta-de-lança, ora ao lado de Denilson, ora na quina da área a cruzar bolas. Tudo num jogo altamente desgastante.
A primeira parte acabou com um 1-1 mas podia estar qualquer equipa a ganhar.
2ª Parte
A segunda parte começou com um Arsenal cada vez mais dependente de Fabregas. Diaby já não subia tanto e era o catalão a vir pegar no jogo atrás. Os contra-ataques do Porto aparentavam ser lentos, mas foi num deles que Campbell atrasou a bola para Fabiansky e este assistiu para Ruben Micael marcar um golo a meias com Falcao.
A partir daí o Arsenal quebrou porque Fabregas foi diminuindo a sua influência na equipa (talvez por não aguentar um ritmo tão forte o jogo todo). Wenger tentou suprir esta desaceleração com a entrada do rapidíssimo Walcott para o lugar de Rosicky e Jesualdo respondeu logo a seguir colocando um médio de maio contenção (Tomás Costa) no lugar de Meireles. Certo é que Walcott apenas conseguiu suster melhor as avançadas de Pereira, porque em termos ofensivos não trouxe muito mais ao Arsenal. Tomás Costa serviu para controlar melhor Fabregas, que recuava cada vez mais para recuperar a bola e lançar em profundidade.
Mais tarde sai Hulk, desgastado e entra Mariano. No Arsenal nova troca por troca, Brendtner por Vela. Apesar de jogarem na mesma posição Vela era muito mais móvel, e já que Brandtner não ganhava a Bruno Alves e Rolando pelo corpo, podia ser que Vela ganhasse pela velocidade, mas também não. Por fim, Wenger substituiu o último dos avançados, colocando Eboué no lugar de Nasri, mas pouco ou nada alterou. No Porto, a substituição de Rúben Micael por Belluschi deveu-se unicamente ao cansaço do primeiro.
Conclusão
Um jogo com duas fases distintas. Na primeira, até aos 2-1, ambas as equipas a querem marcar e onde o meio-campo de ambas servia muito mais para atacar do que para defender. Após o segundo golo do Porto o Arsenal esvaiu-se muito devido à baixa de produção de Fabregas. A partir daí o Arsenal atacou mais mas o Porto dominou mais, e o 2-1 acabou por se arrastar. Apenas foi o fim da primeira parte da eliminatória. Vamos ver o que acontece em Londres (Onde estarei como enviado especial).
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Porto - Naval (3-0)
Equipas Iniciais:
Perspectiva do Porto
Jesualdo apresentou um esquema muito semelhante ao da terça-feira anterior, exceptuando três trocas sem alterações tácticas (Hélton no lugar de Beto, Bruno Alves no lugar de Maicon e Tomás Costa no lugar do castigado Fernando). Deste modo, a baliza estava entregue a Hélton. A defesa com Fucile, Rolando, Bruno Alves e Álvaro Pereira. Tomás Costa como médio mais recuado, Ruben Micael a médio interior esquerdo e Belluschi a médio interior direito. Mais à frente, Varela, Falcao e Mariano.
Em termos defensivos, foi difícil descortinar as opções do Porto, já que em nenhum momento a Naval aproximou-se da baliza no início da partida. Apenas o habitual encostar dos médios interiores nos jogadores da mesma posição da Naval e os 5 jogadores defensivos para o único avançado do adversário. Sim, porque os extremos da Naval eram mais segundos defesas laterais que outra coisa.
Em termos ofensivos destaca-se, uma vez mais, a bela dupla Rúben-Belluschi. O primeiro acelera o jogo através da verticalidade e da qualidade do passe e o segundo através da sua própria velocidade de transporte de bola e de desmarcação. Destaca-se também a subida dos laterais, sobretudo Álvaro Pereira (em excelente forma) que permitia criar situações de superioridade numérica nas linhas com o apoio dos médios. Por fim, existia ainda a possibilidade de trocar de extremos, com Mariano a poder transitar para a direita e Varela para a esquerda.
Perspectiva da Naval:
Em termos teóricos (muito teóricos, mesmo), o sistema de Inácio era o mesmo do de Jesualdo. Peiser na baliza. Uma linha de 4 defesas com Carlitos, Gomis, Diego Ângelo e Daniel Cruz. Três médios com Bruno Lazroni mais recuado e Godeméche e Alex Hauw mais avançados. E três avançados teóricos, Davide, Bolívia e Camora.
Em termos ofensivos era um deserto. Bolívia muito desapoiado e a condução de jogo quase que se resumia ao lateral direito Carlitos em situações pontuais. De resto, a ordem era para defender e não para contra-atacar.
Em termos defensivos pode-se dizer que a Naval atracou o Ferry Boat à baliza. Bruno Lazaroni jogava muitas vezes como terceiro central, e mesmo quando isso não acontecia formava uma segunda linha defensiva com Davide, Godeméche, Alex Hauw e Camora. Os dois extremos teóricos, defendiam junto aos laterais para apoiá-los nas previsíveis subidas dos laterais do Porto ou em deambulações dos médios interiores para as laterais. E, para cúmulo da atitude defensiva, nem o ponta-de-lança ficava encostado aos centrais portistas. Este era o marcador directo de Tomás Costa, de modo a que este não apanhasse segundas bolas.
1ª Parte
A descrição das atitudes das equipas sintetiza o que se passou na primeira meia hora. Naval não rima com atacar e o Porto, apesar disso mantinha-se com os quatro defesas (em engenharia chama-se sobredimensionamento a esta opção). De qualquer modo, a defesa muito baixa da Naval (11 jogadores num terço do terreno) permitia que Rúben Micael e Belluschi andassem sempre próximos da área e usassem a sua qualidade para criar perigo, aproveitando também a velocidade de elementos como Álvaro Pereira e Varela. Este último começou na direita, mas passou logo nos primeiros minutos para a esquerda, onde se tornou bastante mais perigoso.
Álvaro Pereira, na sua forma e capacidade de estar em situações ofensivas acabou por sofrer a falta que originou o primeiro golo, marcado por Tomás Costa num livre indirecto. Apesar do golo e até ao intervalo os dois sistemas mantiveram-se inalterados.
2ª Parte
Após o intervalo, a Naval surgiu finalmente com ideias de contra-atacar. Fábio Júnior, o novo ponta-de-lança (entrou para o lugar de Davide, obrigando Bolívia a descair mais pela direita) não era o marcador directo de Tomás Costa e pôde jogar encostado aos centrais. Os extremos finalmente chegaram ao meio campo (sobretudo Bolívia, numa posição entre o extremo e o segundo ponta-de-lança) e o meio campo passou a estender-se mais pelo terreno de jogo (embora muito retraído em comparação com o do Porto).
Apesar da maioria das oportunidades pertencerem ao Porto, a Naval tornou-se mais perigosa, tendo mesmo criado uma oportunidade num livre lateral. Jesualdo respondeu a este perigo trocando Belluschi por Guarín, de modo a conter mais o jogo (e fazer descansar o argentino, fisicamente mais debilitado). Inácio respondeu colocando logo a seguir Giuliano no lugar de Alex Hauw, ou seja, dando velocidade ao meio campo do lado do elemento mais lento, Guarín. Mais tarde troca Bolívia por Simplício (ainda mais velocidade) e é este jogador, a extremo direito que causa o maior calafrio à defesa do Porto.
Apesar de uma Naval de cara lavada o Porto mantinha-se mais ofensivo e num livre próximo da área, com duplo toque de cabeça (jogada estudada), Falcao marca e resolve o jogo.
Depois do segundo golo, duas substituições no Porto para descansar Fucile e Rúben Micael e o domínio total do jogo. O terceiro golo, por Varela, foi o resultado de dez minutos em que a Naval baixou os braços e encostou-se de novo às cordas.
Conclusão
A forma como a Naval entrou em campo, funcionaria com um Porto nervoso (como no jogo com o Paços de Ferreira). Falhando muitas oportunidades (que seriam criadas inevitavelmente) poderiam surgir fantasmas e assobios e o Porto entraria desse modo em decréscimo de produção. Só que agora a realidade é outra, sobretudo desde que Rúben Micael entrou e essa aposta não surtiu efeito.
Inácio, disse no fim, que a equipa deveria jogar sempre como na segunda parte. Eu acho que se não jogou assim na primeira foi por sua culpa e não dos jogadores. Poderiam levar na mesma 3 ou até mais, mas também teriam mais oportunidades para fazer uma surpresa. A opção caiu no Ferry Boat encostado junto à baliza e o resultado foi o que se viu.
O Porto cumpriu, sem muito brilhantismo mas com o total controlo do jogo. Os níveis de confiança estão em alta desde a chegada de Rúben que contagiou Belluschi, Álvaro Pereira, Falcao e Varela. Resta saber o que acontecerá quando Meireles regressar...
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Porto - Sporting (5-2)
Jogo assistido no Estádio do Dragão
Equipas
Equipas iniciais:
Perspectiva do Porto
O Porto jogou num sistema muito semelhante ao que utilizara com o Nacional. Desta vez Beto na baliza, Fucile a lateral direito, Rolando e Maicon no eixo da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando como médio defensivo, Belluschi a médio direito, Ruben a médio esquerdo, Mariano a extremo esquerdo, Varela a extremo direito e Falcao a ponta-de-lança.
Para além do que já foi referido acerca do jogo do Porto, destaco, no dia de hoje, em termos ofensivos: ofensivo:
Carvalhal apresentou um sistema ainda vindo do tempo de Paulo Bento, provavelmente porque é isso que o plantel lhe dá. Rui Patrício na baliza, a defesa contituída por João Pereira na direita, Tonel e Carriço no centro e Grimi na esquerda. Um meio campo em losango com Adrien mais recuado, Miguel Veloso na direita, Izmailov na esquerda e Moutinho no centro e, mais à frente, Liedson e Carriço.
O seu jogo ofensivo caracterizava-se por:
O Porto entrou claramente mais forte. Por um lado, uma vez mais, Veloso do lado direito e Izmailov do lado esquerdo não conseguiam transportar, por outro, os laterais portistas, sobretudo Álvaro Pereira em grande forma, criavam imensos desequilíbrios. Os médios interiores tinham muitas dificuldades em fechar os laterais portistas (já que Saleiro e Liedson pouco ajudavam) e Adrien não conseguia ter pernas para compensar a marcação e colar em Rúben ou Belluschi. Os dois médios do Porto foram preponderantes para o bom início de jogo. Belluschi, que finalmente acordou, usava a velocidade e a lateralidade para ganhar a frente dos seus marcadores directos (tal como os jogadores do Braga no último fim-de-semana). Rúben Micael com passes magistrais oferecia espaços a quase toda a gente (Álvaro Pereira, Varela e Falcao). Sem uma marcação eficaz (Adrien esteve bastante mal) e sem velocidade no meio campo, a superioridade numérica nesta zona ao terreno não servia para nada.
O primeiro golo, apesar de sair de um canto, acabou por surgir de forma natural. O Porto já tinha criado oportunidades suficientes para marcar. Logo aí deu-se a primeira alteração táctica de Carvalhal. Miguel Veloso passou para a esquerda e Izmailov para a direita, o que estabeleceu um maior equilíbrio no meio campo.
A primeira e única vez que o Sporting usou a superioridade numérica para criar perigo resultou num golo. No entanto, o Sporting foi incapaz de criar novas situações de superioridade numérica no último terço do terreno, os laterais não subiam (Grimi tinha medo de Varela e João Pereira era fechado por Mariano) e a ajuda do capitão do Porto para fechar no meio campo empurraram os dragões para a frente. O golo do Sporting foi apenas uma excepção, porque o Porto continuava a dominar e a explorar a incapacidade de Adrien se tornar um pêndulo no meio campo e a lentidão do meio-campo sportinguista. Izmailov não é propriamente rápido e Veloso é muito pesado para uma posição ofensiva no meio-campo. Com Belluschi e Rúben a pôr o jogo a 200 km/h nada funcionava no sector médio leonino.
O segundo golo do Porto foi uma demonstração da superioridade ao nível do meio-campo e não apenas uma genialidade de Falcao ou um frango de Patrício. Falcao soube ganhar bem o espaço mas também o Porto foi capaz de colocar 5 homens junto à área que condicionaram a saída à bola dos jogadores do Sporting.
Carvalhal demorou 40 minutos a perceber o erro que era ter Adrien dentro daquele jogo. Substituindo-o, recuou Veloso para médio defensivo, Moutinho passou para a esquerda do meio-campo e Matías Fernandez passou para médio ofensivo. O meio-campo deveria começar a entender-se melhor, mas não. A lentidão e falta de garra mantiveram-se.
Do lado do Porto, o faro do golo inexistente noutros dias, neste jogo abundava. Rúben Micael uma vez mais explorando a sua verticalidade fez um passe sem olhar e de pé esquerdo (parece que passa tão bem a bola com um pé como com o outro) colocou a cabeça em Falcao, que uma vez mais não falhou. Falcao é neste momento o melhor ponta-de-lança em Portugal e nestas não falha (sim, melhor que Cardozo).
A partir daí foi o baixar dos braços sportinguista.
2ª Parte
Carvalhal trocou Saleiro por Pongolle mas este entrou ao nível de... Caicedo. A equipa já estava a regressar a casa e sem qualquer velocidade ou intenção de evitar a goleada foram surgindo os golos portistas. Varela com uma grande recepção ainda brincou com Grimi antes de marcar e até Mariano finalizou. Não um grande golo como aparenta na televisão mas um grande frango conforme se viu no estádio. A bola foi direitinha ao meio da baliza onde estava Rui Patrício.
Daí para a frente o Porto decidiu desacelerar. Era uma terça e domingo à jogo. O Sporting voltou a atacar porque o Porto deixou. Já estava decidido e entre 5 e 6 vai dar ao mesmo. As substituições do Porto e mesmo a troca de Izmailov por Pereirinha foram apenas trocas de jogadores nas mesmas posições. Tudo já estava decidido e até o golo de Liedson foi festejado pelos adeptos do Porto gozando com o grito da claque sportinguista.
Equipas
Equipas iniciais:
Perspectiva do Porto
O Porto jogou num sistema muito semelhante ao que utilizara com o Nacional. Desta vez Beto na baliza, Fucile a lateral direito, Rolando e Maicon no eixo da defesa e Álvaro Pereira na esquerda. Fernando como médio defensivo, Belluschi a médio direito, Ruben a médio esquerdo, Mariano a extremo esquerdo, Varela a extremo direito e Falcao a ponta-de-lança.
Para além do que já foi referido acerca do jogo do Porto, destaco, no dia de hoje, em termos ofensivos: ofensivo:
- Apostar ainda mais na subida dos laterais, tentando aproveitar dificuldades do Sporting a fechar nas alas;
- Belluschi mais móvel e a jogar com maior velocidade, caindo muitas vezes na lateral;
- Ruben Micael sem tanta tendência para descair para a lateral, mas usando a sua capacidade de passe longo e fazendo um jogo mais vertical;
- Varela com mais liberdade para atacar.
- Mariano a fechar mais ao meio de modo a cobrir o médio direito do Sporting e passando, nessas ocasiões Ruben Micael a defender no centro;
- Defesa à zona em todo o terreno, e com o sector mais recuado a impedir que as bolas chegassem ao avançados do Sporting;
- Usar Mariano para fechar muitas vezes no meio campo, cobria não só as subidas de João Pereira como os médios interiores Sportinguistas.
Carvalhal apresentou um sistema ainda vindo do tempo de Paulo Bento, provavelmente porque é isso que o plantel lhe dá. Rui Patrício na baliza, a defesa contituída por João Pereira na direita, Tonel e Carriço no centro e Grimi na esquerda. Um meio campo em losango com Adrien mais recuado, Miguel Veloso na direita, Izmailov na esquerda e Moutinho no centro e, mais à frente, Liedson e Carriço.
O seu jogo ofensivo caracterizava-se por:
- Dar liberdade a Moutinho para criar, ao ser o vértice mais adiantado do losango;
- Utilizar a superioridade numérica no meio campo para desviar Fernando das zonas centrais e aproveitar espaço no meio;
- Fazer subir os laterais, sobretudo João Pereira.
- Marcação à zona no meio campo ficando Adrien para as dobras;
- Fechar as subidas dos laterais ou pelos avançados ou pelos médios interiores, sendo que no ultimo caso, Moutinho ou Adrien (consoante a zona do terreno) encostavam a Belluschi ou a Rúben Micael;
- Colar laterais nos extremos portistas.
O Porto entrou claramente mais forte. Por um lado, uma vez mais, Veloso do lado direito e Izmailov do lado esquerdo não conseguiam transportar, por outro, os laterais portistas, sobretudo Álvaro Pereira em grande forma, criavam imensos desequilíbrios. Os médios interiores tinham muitas dificuldades em fechar os laterais portistas (já que Saleiro e Liedson pouco ajudavam) e Adrien não conseguia ter pernas para compensar a marcação e colar em Rúben ou Belluschi. Os dois médios do Porto foram preponderantes para o bom início de jogo. Belluschi, que finalmente acordou, usava a velocidade e a lateralidade para ganhar a frente dos seus marcadores directos (tal como os jogadores do Braga no último fim-de-semana). Rúben Micael com passes magistrais oferecia espaços a quase toda a gente (Álvaro Pereira, Varela e Falcao). Sem uma marcação eficaz (Adrien esteve bastante mal) e sem velocidade no meio campo, a superioridade numérica nesta zona ao terreno não servia para nada.
O primeiro golo, apesar de sair de um canto, acabou por surgir de forma natural. O Porto já tinha criado oportunidades suficientes para marcar. Logo aí deu-se a primeira alteração táctica de Carvalhal. Miguel Veloso passou para a esquerda e Izmailov para a direita, o que estabeleceu um maior equilíbrio no meio campo.
A primeira e única vez que o Sporting usou a superioridade numérica para criar perigo resultou num golo. No entanto, o Sporting foi incapaz de criar novas situações de superioridade numérica no último terço do terreno, os laterais não subiam (Grimi tinha medo de Varela e João Pereira era fechado por Mariano) e a ajuda do capitão do Porto para fechar no meio campo empurraram os dragões para a frente. O golo do Sporting foi apenas uma excepção, porque o Porto continuava a dominar e a explorar a incapacidade de Adrien se tornar um pêndulo no meio campo e a lentidão do meio-campo sportinguista. Izmailov não é propriamente rápido e Veloso é muito pesado para uma posição ofensiva no meio-campo. Com Belluschi e Rúben a pôr o jogo a 200 km/h nada funcionava no sector médio leonino.
O segundo golo do Porto foi uma demonstração da superioridade ao nível do meio-campo e não apenas uma genialidade de Falcao ou um frango de Patrício. Falcao soube ganhar bem o espaço mas também o Porto foi capaz de colocar 5 homens junto à área que condicionaram a saída à bola dos jogadores do Sporting.
Carvalhal demorou 40 minutos a perceber o erro que era ter Adrien dentro daquele jogo. Substituindo-o, recuou Veloso para médio defensivo, Moutinho passou para a esquerda do meio-campo e Matías Fernandez passou para médio ofensivo. O meio-campo deveria começar a entender-se melhor, mas não. A lentidão e falta de garra mantiveram-se.
Do lado do Porto, o faro do golo inexistente noutros dias, neste jogo abundava. Rúben Micael uma vez mais explorando a sua verticalidade fez um passe sem olhar e de pé esquerdo (parece que passa tão bem a bola com um pé como com o outro) colocou a cabeça em Falcao, que uma vez mais não falhou. Falcao é neste momento o melhor ponta-de-lança em Portugal e nestas não falha (sim, melhor que Cardozo).
A partir daí foi o baixar dos braços sportinguista.
2ª Parte
Carvalhal trocou Saleiro por Pongolle mas este entrou ao nível de... Caicedo. A equipa já estava a regressar a casa e sem qualquer velocidade ou intenção de evitar a goleada foram surgindo os golos portistas. Varela com uma grande recepção ainda brincou com Grimi antes de marcar e até Mariano finalizou. Não um grande golo como aparenta na televisão mas um grande frango conforme se viu no estádio. A bola foi direitinha ao meio da baliza onde estava Rui Patrício.
Daí para a frente o Porto decidiu desacelerar. Era uma terça e domingo à jogo. O Sporting voltou a atacar porque o Porto deixou. Já estava decidido e entre 5 e 6 vai dar ao mesmo. As substituições do Porto e mesmo a troca de Izmailov por Pereirinha foram apenas trocas de jogadores nas mesmas posições. Tudo já estava decidido e até o golo de Liedson foi festejado pelos adeptos do Porto gozando com o grito da claque sportinguista.
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